Foto: Eduardo Martins | Ag. A TARDE |
De acordo com dados do estudo Ergonomia Aplicada ao Design de Bicicletas, desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP), cerca de 30% dos ciclistas brasileiros - profissionais ou amadores - sofrem ou já sofreram de dores na coluna e ou problemas musculares por conta do uso indevido do equipamento.
O levantamento aponta que, entre as consequências mais comuns da prática incorreta estão lesões musculares, hérnias de disco, artroses, tendinites, incontinência e infecções urinárias e até problemas de ereção.
Especialista em osteopatia, o educador físico e fisioterapeuta Marcelino Lima alerta, também, para o aparecimento de dores na região lombar, cervical, nos joelhos e na panturrilha.
Para evitar problemas músculo-articulares, ele recomenda que os ciclistas, sobretudo os que só praticam o esporte de forma eventual, observem a altura e condições do banco (selim), a distância do guidom e o tamanho do quadro.
"O mercado possui uma variedade de bicicletas, das mais simples às mais equipadas. Porém, é possível obter conforto ao pedalar após ajustes simples", afirma.
Adaptação
Regular a altura do selim é a medida que o especialista considera como fundamental ao conforto e à saúde. "Um banco muito baixo requer que se dobre ainda mais o joelho, o que pode acabar machucando-o, além de causar lesões no quadril", diz Marcelino Lima.
Para fazer o ajuste, basta se posicionar ao lado da bike e erguer o banco até a altura do osso da bacia. "Nesse tamanho, o ciclista vai tocar o chão apenas com a ponta do pé", esclarece.
É preciso estar atento também ao conforto do banco: "O selim não pode ser muito duro, pois pode ocasionar a compressão do nervo pudendo, na região genital", explica.
O fisioterapeuta recomenda, ainda, que o ciclista mantenha a coluna ereta durante todo o tempo de pedalada.
"É comum, ao pedalar, flexionar a coluna para frente de forma excessiva. Se posicionar bem sobre o veículo é a melhor maneira de evitar dores", completa.
Reabilitação
Embora o ciclismo possa ser um vilão para a saúde de quem pratica o esporte de forma inadequada, quem o utiliza de forma correta percebe melhoras significativas no tratamento para dores na coluna e musculares.
A designer Márcia Meneses, 41, usa a bicicleta como meio de transporte desde 2009, quando decidiu vender o carro. Depois que começou a pedalar com mais frequência, as dores decorrentes de uma hérnia de disco melhoraram significativamente.
Márcia sempre foi esportista, mas dispunha de pouco tempo para exercitar-se por conta do trabalho. "Eu passava muito horas sentada. Quando comecei a usar mais a bicicleta, percebi que as dores provocadas pela hérnia reduziram bastante", relata.
Para sentir-se mais confortável, a designer optou por uma bike sem marchas - que, segundo ela, parece ser mais leve - e teve todo o cuidado de adaptá-la de acordo com a própria estatura.
"Me preocupo, também, com a postura. Como pedalo por toda a cidade, procuro permanecer numa posição ereta", afirma.
O ciclismo foi a recomendação do ortopedista do aposentado João Jorge Araújo, 64, para tonificar os músculos da perna após passar sete meses sem se exercitar por conta de uma cirurgia.
"Sentia que não tinha muita firmeza ao caminhar. A bicicleta me deu mais força e segurança", afirma.
Fonte: A Tarde - UOL Por: Luana Almeida
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