Motociclistas ainda são as principais vítimas do trânsito gaúcho, mas usuários de bicicletas tiveram maior aumento nos casos de morte
Especialistas acreditam que aumento de ciclistas nas ruas é uma das causas do crescimento de mortes Foto: Ricardo Duarte / Agencia RBS |
Um ciclista morre a cada três dias no Estado. Essa é a média registrada no trânsito gaúcho no primeiro trimestre deste ano. O aumento, em relação ao mesmo período do ano passado, é de 40,9%.
O crescimento, que tem como base os dados do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran/RS), é muito superior ao aumento geral do número de mortes, que foi de 4,4%, chegando a 475 vítimas nos três meses.
Embora as mortes de usuários de bicicleta sejam, em números absolutos, muito menores que as dos líderes do ranking, os motociclistas — foram 31 ciclistas mortos contra 141 condutores de moto —, o número entre os condutores de moto aumentou apenas 8,5% de um ano para o outro.
Se comparamos os dados de mortes de ciclistas no primeiro trimestre dos últimos cinco anos, nota-se que em 2010 e 2011 havia ainda mais casos que hoje — foram 41 e 39 vítimas, respectivamente —, mas caíram para 29 em 2012 e mais ainda no ano passado, quando foram 22 mortes.
A curva se inverteu neste ano e o número voltou a subir. 31 ciclistas morreram em 28 municípios diferentes. Os únicos que tiveram mais de um caso foram Cachoeirinha, Guaporé e Porto Alegre, todos com duas mortes cada. Chama a atenção o número de casos em perímetro urbano: foram 18, sendo outras sete em rodovias estaduais e seis em rodovias federais.
Especialista em trânsito, o professor do Laboratório de Sistema de Transportes (Lastran) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) João Fortini Albano acredita que a explicação para a queda, de 2010 a 2013, e o posterior aumento de mortes possa estar na proporção de usuários em relação àinfraestrutura disponível.
— Há cinco anos, não havia as ciclovias que existem hoje, as bicicletas dividiam o mesmo espaço com os demais veículos e tinham apenas o corpo como proteção. Com a construção de novas faixas, aumentou a segurança para os ciclistas — aponta Albano.
Como explicar, então, o aumento de mortes neste ano? Mesmo sem dados concretos — o Detran não calcula o número de ciclistas, por não haver carteira de habilitação ou registro de bicicletas —, para Albano, a explicação está no boom de adeptos à bike, incentivados principalmente pela qualidade de vida e como alternativa de transporte. A mesma opinião é compartilhada por Cadu Carvalho, integrante da Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade), da Capital:
— O crescimento de bicicletas nas ruas, tanto de novos ciclistas quanto do maior número de viagens por dia dos já adeptos, não foi acompanhado na mesma proporção pelos investimentos em infraestrutura — avalia Carvalho.
O ativista acredita que as bikes têm poder de provocar uma desaceleração no número total de acidentes envolvendo carros e outros veículos, mas, pra isso, precisam de mais ciclovias e ciclofaixas.
Para o diretor institucional do Detran/RS, Adelto Rohr, houve uma massificação do uso da bicicleta no último ano, mas há falta de preparo de motoristas e dos próprios ciclistas evitar acidentes.
— O motorista não aprendeu a ter cuidado para com os ciclistas e, de outro lado muitos ciclistas, por não terem que passar por aulas nem têm exigência de habilitação, não estão preparados para enfrentar o trânsito — sugere Rohr.
Fonte: Zero Hora
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