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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Bike: Quanto mais magrela melhor

Nova Merida apresentada no Giro D’Itália
O fator peso é fundamental no desempenho do ciclista. Afinal, na prática, quanto menos peso para deslocar, maior será o aproveitamento da força gerada pelo ciclista. Menos peso significa menos esforço e mais rendimento. Mas não basta apenas adquirir uma bicicleta superleve. É fundamental que o conjunto formado por ciclista, bicicleta, vestuário e outros acessórios estejam em harmonia, afinal, bike levíssima não combina com ciclista destreinado e com excesso de gordura corporal.

Antes de investir em componentes caríssimos, vale a pena passar por uma avaliação física e nutricional e encarar uma dieta para eliminar o excesso de gordura. Quanto mais forte e mais magro um ciclista, maior será a relação peso-potência, índice que verdadeiramente importa para quem deseja obter o melhor desempenho possível.

Nova Emonda, da Trek, pesa 4,650 quilos no tamanho 56
MUITO ALÉM DO LIMITE UCI
Se no mundo da competição, equipamento leve é fundamental para o desempenho dos atletas de alto rendimento, a indústria da leveza atrai toda uma legião de aficionados por bicicletas de baixíssimo peso e fanáticos por tecnologia.

O rígido limite da UCI de 6,8kg para bikes de estrada serve de estímulo para muitos fabricantes superarem essa marca. Esse peso mínimo foi estabelecido pela UCI em 2000 e especula-se que a entidade deve rever esse número e adapta-lo às novas tecnologias em breve.

A Trek, por exemplo, lançou em 2014 a Émonda SLR 10, com incríveis 4,650 quilos para a bike completa no tamanho 56 centímetros. Mesmo com o preço de US$ 16 mil, o modelo foi bem aceito no mercado norte-americano e alguns modelos já foram comercializados no Brasil.

Outra marca que investe nesse segmento é a Merida, que apresentou no Giro D’Italia 2015 a quarta geração da linha Scultura, com um quadro de apenas 740 gramas. O novo quadro, usado nos modelos Scultura Team, da equipe Lampre-Merida, tem tubos com parede de espessura de 0,7mm. Na configuração apresentada à imprensa, a bike pesa 4,56 kg, com grupo SRAM Red, rodas Tune Skyline e componentes AX Lightness que estabeleceu um novo recorde de leveza.

Bikes com peso inferior ao limite mínimo de 6,8kg podem participar de competições oficiais, desde que tenham lastros que elevem o peso no limite aceitável pelas regras da entidade máxima do ciclismo. Nesse universo onde cada grama é importante, muitos fabricantes europeus – principalmente alemães, suíços e italianos – se especializaram na fabricação de componentes levíssimos, com uma produção quase artesanal. São rodas, pedivelas, selins, canotes, guidões, mesas e outros componentes criados especialmente para se bater recordes de leveza. Nesse segmento, materiais como a fibra de carbono, o titânio, o magnésio e ligas leves de alumínio reinam absolutos.

Marcio Torres dá dicas sobre como reduzir o peso das bikes
MACETES
Para orientar os malucos por leveza, contamos com a ajuda do empresário paulista Márcio Torres, de 39 anos, um dos maiores especialistas do Brasil quando o assunto é leveza extrema. Torres é proprietário da loja Pro Cycle, em Indaiatuba (SP), e não esconde a paixão pelas bikes bem magrinhas, quase “anoréxicas”. Em 2011, o lojista montou uma mountain bike Scott RC com rodas aro 29 de apenas 7,6kg. “Na época, minha bike era a 29er mais leve do Brasil”, orgulha-se.

Montar uma bike superleve não é tarefa fácil e exige dinheiro. Quanto mais leve, maior será o investimento necessário. Torres tem também uma Scott Foil 20, toda tunada, de apenas 5,8kg. “Um ciclista com um orçamento de R$ 50 mil, por exemplo, consegue montar uma mountain bike 29er que ficaria com 7 quilos ou menos. Já uma bike de estrada poderia chegar ao peso final de 5kg. Ambas com capacidade para rodar, pois há quem monte bikes superleves que não podem ser pedaladas de verdade por conta do limite de peso dos componentes. Existem bikes superleves que só servem para serem exibidas em exposições e feiras. Todas as minhas bikes servem para competir”, destaca.

Antes de ir gastando o orçamento, é bom fazer um planejamento cuidadoso de preços e peso para evitar surpresas.
Em busca do menor peso
ESCOLHAS CERTAS
A tarefa de montar uma bike superleve começa com a escolha do quadro correto. A dica é optar sempre pelo quadro mais leve que se consiga adquirir. Todas as marcas consagradas oferecem pelo menos um modelo top de linha, normalmente bastante exclusivo e que se diferencia dos demais pelo baixo peso e por serem direcionados a competidores. Em geral, são esses os modelos usados por atletas profissionais e equipes patrocinadas por aquela marca.

Quadros de marcas europeias como Scott, Focus, Corratec, Open Cycle, AX Lightness e Storck são os preferidos de muitos aficionados. Outras marcas consagradas, como Merida e Cannondale, também oferecem opções de quadros de baixíssimo peso em sua linha de produtos. Vale a pena estudar cada fabricante e optar pelo modelo mais leve.

Para montar uma mountain bike de aro 29 de peso campeão, Torres sugere o Scott RC que pesa 998 gramas para o tamanho médio.

Se for comprar uma bike completa, a dica é escolher o modelo mais leve da linha de uma determinada marca e então “tunar” os componentes para reduzir todo o peso possível. O maior equívoco na busca por leveza é adquirir uma bike com um quadro pesado e investir na tentativa inútil de baixar o peso até o mesmo nível das bikes com quadros superleves. Da mesma forma, para acompanhar um quadro superleve, nada melhor que componentes a altura e igualmente superleves.

O PRIMEIRO QUILO
Sempre é possível baixar o peso de uma bicicleta. Quanto mais “gorda” for uma bike, mais fácil e barata será essa tarefa. E vice-versa. Tirar peso de uma bike superleve demanda um investimento bem maior. A boa notícia é que existem maneiras eficientes de tirar peso sem gastar muito.

Se você já tem uma bike ou acabou de comprar uma, a dica de Márcio Torres é começar pelos componentes de baixo investimento como manoplas, pneus, pedais, blocagens, guidão, mesa, canote e selim. Se for uma mountain bike, a dica é usar pneus tubeless, que dispensam o uso de câmaras de ar que pesam até 250 gramas cada. “Só nesses itens dá para tirar um quilo de uma mountain bike aro 29”, ensina Torres.

Manoplas são baratas e reduzem gramas preciosos. A marca KCNC tem modelos que pesam 15 gramas e saem por R$ 40 o par. Pneu é outro investimento acessível e que tira muito peso. Um modelo 29er de entrada  chega a pesar 750 gramas ou mais, mas existem pneus que pesam 450 gramas na faixa dos R$ 200 reais cada. Blocagens podem ser substituídas por outras mais leves, de titânio.

Outro investimento que custa pouco e tira peso são os parafusos. Toda bike tem muitos parafusos que podem ser substituídos por outros de titânio, como nos rotores, suportes de caramanhola, parafusos do cockpit, dos manetes e dos trocadores etc. Algum peso pode ser também eliminado na tampa da caixa de direção. Existem aranhas de apenas 6 gramas, contra 23 gramas das originais.

No quesito pedais de mountain bike, os mais leves são indiscutivelmente os Crank Brothers Egg Beater 11, de 178 gramas o par. “Dá para tuna-los. Existe um kit de mola de eixo e molas de titânio especiais produzidos na Europa”, conta Torres.

PESO DE OURO
Para eliminar mais gordura daqui para frente, o investimento aumenta substancialmente. São rodas, freios, pedivela e outros componentes da relação como cassete, câmbios e trocadores. No caso das mountain bikes, componentes como suspensão dianteira e amortecedor traseiro influenciam bastante no peso total da bicicleta e no bolso do fanático por leveza. A moeda corrente nesse mercado é o euro, mas bem que poderia ser o ouro, se pensarmos nos preços elevados e no investimento necessário para se aliviar poucos gramas.

“Chega numa etapa que em que cada grama pode custar mais que o ouro. Um quadro de uma mesma marca, mas feito de fibras de carbono diferentes e 100 gramas mais leve vai custar R$ 3 mil a mais”, previne Torres.

Listamos abaixo alguns dos componentes mais utilizados pelos fanáticos por peso.

MOUNTAIN BIKE

Rodas
Existem rodas de 2.500 Euros (R$ 10 mil). É o caso das alemãs AX Lightness SRTCC29 que pesam 1.235g o par e já vêm tunadas de fábrica com aros de carbono, cubos Tunes Prince Skyline e raios Sapim X-Ray. Outra roda desse nível é a AX Lightness Premium, com aros tubulares de carbono e cubos X-Lite de apenas 1.075 gramas.

No Brasil, as rodas No Tubes ZTR Crest, de 1.670 gramas o par, são umas das preferidas do público e custam R$ 2.890,00. As nacionais VZan Everest MGC também têm peso aceitável e ótimo custo-benefício. As famosas Mavic SLR pesam 1.624 gramas sem as blocagens e são vendidas a R$ 5.500,00 com garantia no Brasil.

Peças fixas
As marcas alemãs como Schmolke e MCFK são as preferidas. Um guidão MCFK de 700mm pesa 100 gramas e sai por 230 euros. Outros destaques são também a linha Superlogic da Ritchey (guidão de 154g), linha Cobalt 11 da CrankBrothers (guidão de 160 gramas por 100 euros) e 3T (guidão de 170 gramas).

Suspensões
O modelo Sid World Cup XX, com espiga de carbono da RockShox, é uma das opções mais usadas. O peso é de 1.480 gramas, já com a trava. “Mas existem marcas europeias de até 1.270 gramas. Dá também para tunar a RockShox com um kit que substitui a trava do guidão e tira quase 100 gramas”, conta Torres.

Fãs da Cannondale não foram esquecidos nesse rico mercado. Um garfo Lefty Carbon XLR, de 100mm, pesa 1.332 gramas (já com a trava hidráulica) e sai por 1.700 euros.

Freios
Os preferidos e mais leves são os Formula R1 Racing, de 351 gramas (sem rotores). Já o modelo EVO X2 da marca britânica Mini Hope pesa 414 gramas. Outros modelos de sucesso são o Tune Disc Kill Hill, de 353 gramas, além dos confiáveis Shimano XTR e dos produtos da marca Ashima.

Selim
Os selins da marca alemã Speedneedle são objetos de desejo da maioria dos malucos por peso. São feitos artesanalmente na Alemanha e revestidos de um couro conhecido como “Alcantara”. Os modelos mais leves pesam 87 gramas e podem ser encontrados no Brasil pelo equivalente a 190 euros. Outro selim superleve de sucesso é o Tune Convor, de 98 gramas e 180 euros. A marca alemã MCFK tem modelos de 69 gramas (R$ 1 mil) e a AX Lightness oferece o Phoenix de 62 gramas e 380 euros, com carbono usado nos carros de Formula 1.

Pedivela
Se a Specialized não produz os quadros mais leves do mundo, o mesmo não se pode dizer de seus pedivelas da série S-Works, que superam com tranquilidade o peso dos concorrentes de linha da Shimano e SRAM. Os modelos Clavicula da marca alemã THM-Carbones dominam com modelos de carbono superleves. Um pedivela 2×10, com eixo de carbono, pesa 313 gramas e sai por mil euros.
A marca alemã Tune produz o Black Foot, de duas coroas e com braços 175mm de carbono, que pesa 363 gramas sem os rolamentos. O preço é de 700 euros.

Os novos grupos de transmissão de 11 velocidades e de uma só coroa não chegam a tirar tanto peso. Elimina-se o câmbio dianteiro, o trocador esquerdo e os cabos, mas, em contrapartida o cassete é bem maior e mais pesado. A vantagem desses grupos, segundo Torres, é a total ocorrência de chain suck, perfeito para competidores. Alguns ciclistas apostam até mesmo na improvisada relação 1×10, com uma só coroa de tamanho customizado.

ROAD

Quadros
No Brasil, o quadro Scott Addict SL de 710 gramas é a melhor opção para montar uma estradeira superleve segundo Torres. O preço oficial no Brasil do quadro e garfo é de R$ 15 mil e a bike completa sai por R$ 46.639,00 e pesa 5,860kg.

Um quadro alemão da AX Lightness, de 660 gramas, custa em torno dos 3.800 euros. Outras opções são quadros da marca alemã Stork e Lightweight (790 gramas), além dos modelos de linha Émonda, da Trek, ou os Super Six EVO, da Cannondale.

Rodas
As rodas tubulares Dura-Ace têm bom peso e gozam da tradicional confiabilidade da Shimano, mas não superam as europeias de marcas como Lightweight e AX Lightness. Um par de rodas tubulares AX Lightness Ultra Road com aros de carbono, raios DT Swiss Aerolite e cubos XLite XTra pesam levíssimos 796 gramas e custam 2.800 euros. Existem rodas tubulares da Lightweight, com aros, cubos e raios de carbono vendidas na Europa a 3.500 euros.

Freios
Novamente, a dica para reduzir peso é utilizar componentes das marcas europeias. Os freios Fibula da THM-Carbones pesam 120 gramas o par e a empresa garante que o poder de frenagem é tão bom quanto o das grandes marcas. Outros freios de baixo peso podem ser encontrados nas marcas Schmolke, Zero Gravity, e também da marca Engage, de 130 gramas e 360 euros o par.

SEGURANÇA
Antes de abrir a carteira e comprar os componentes mais leves que seu orçamento permitir, é importantíssimo lembrar que a leveza tem suas contraindicações. Um componente mais leve tem necessariamente menos material e, portanto, é mecanicamente menos resistente que outros mais robustos e pesados. Não é em vão que os quadros de carbono considerados superleves de nenhuma marca oferecem o serviço de garantia vitalícia.

No ciclismo competitivo, raramente encontramos atletas com mais de 90 quilos. Assim, componentes superleves não são para qualquer pessoa e algumas peças saem com avisos bem visíveis do limite de peso. Alguns pedais da XPedo são limitados a ciclistas de 85 quilos e algumas rodas da AX Lightness só podem ser usadas por felizes ciclistas de até 75 quilos. Vale o bom senso.

Deve-se sempre verificar a procedência dos componentes e comprar no Brasil com nota fiscal e garantia é uma vantagem para o caso de alguma eventual quebra de componente. A instalação deve ser sempre feita por profissional competente e com ferramental adequado. Outro ponto a ser observado é a durabilidade de um componente superleve. O carbono naturalmente fica mais quebradiço e frágil com o passar dos anos e por isso é recomendável seguir rigidamente as instruções de uso e prazo de validade se houver.

Henrique Avancini na 1ª etapa da Sunshine Cup Foto: Armin M. Küstenbrück
DICA DO AVANCINI
“Eu gosto de trocar todos os parafusos de alumínio por outros de titânio. É um investimento relativamente baixo, mas que tira algum peso. Eu tenho meus próprios parafusos e, quando troco de bike, retiro os parafusos e os transfiro para a próxima bike. Se forem parafusos de qualidade, vão durar muitos anos.”

Produtos da Lightness RC (leveza, em inglês), de Itu
HANDMADE DE ITU
Um empresário de Itu, no interior paulista, aposta em produtos feitos a mão com nível internacional. Em fevereiro de 2011, Cleber Manuel da Silva, de 38 anos, criou a Lightness RC (leveza, em inglês), empresa nacional pioneira na produção de guidões e de canotes de carbono de baixo peso e sob medida. Toda a pesquisa e desenvolvimento foi feita pelo próprio Cleber.

Com qualidade e acabamentos impecáveis, os componentes ituanos que poderiam muito bem se passar por importados, fabricados artesanalmente na Europa ou pelas grandes fábricas localizadas na Ásia. “Nosso produto concorre com as melhores marcas europeias, como as alemãs Schmolke e MCFK, mas nosso preço é um quarto do valor dessas marcas estrangeiras”, conta.

Um canote Lightness RC pesa em média 170 gramas e é vendido a R$ 480,00 no mercado. Um guidão pesa em média 130 gramas, mas Cléber já produziu guidões de até 82 gramas e canotes de 140g.

“Nosso desenvolvimento foi se ajustando ao mercado ao longo do tempo. Antes, nossos produtos eram mais leves, mas não atendiam tantas pessoas por conta do limite de peso. Hoje temos um produto padrão, mas consigo produzir sob encomenda componentes ainda mais leves”, explica.

Um dos pioneirismos da empresa é a possibilidade de o comprador customizar as medidas e também o peso final do produto, de acordo com as necessidades do cliente.

Além de fibra de carbono, a Lightness RC produz também peças em titânio como parafusos, roldanas, hastes de câmbio, coroas e até cassetes especiais, inclusive de 42 dentes para grupos Shimano. “Trabalhamos com o titânio medicinal, de maior qualidade”, afirma.

Os produtos podem ser adquiridos diretamente no site da empresa www.lightnessrc.com.br

Texto de Marcos Adami – Bikemagazine
Fotos de divulgação

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