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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Não existe lugar no mundo onde seja impossível andar de bicicleta

Foto: Alexander Gorbunov
Em 1914, Sir Ernest Shackleton comandou uma expedição para ser a primeira a atravessar o continente Antártico de um extremo a outro. Entre os tripulantes do navio Endurance estava Thomas Orde-Lees. Apaixonado por atividades físicas, Orde-Lees conseguiu permissão para levar uma bicicleta naquela que seria uma das mais heróicas aventuras humanas. Nos meses que passaram presos no gelo, era hábito de Orde-Lees andar de bicicleta, até que um dia ele foi longe demais e se perdeu. Seus companheiros tiveram que procurá-lo e, deste dia em diante, foi proibido andar de bicicleta na imensidão branca.

Quando o navio foi destruído pelo gelo e naufragou, levando junto com ele quase todos os pertences pessoais dos tripulantes, Orde-Lees escreveu no seu diário, em 30 de outubro: “minha maior perda sentimental foi minha velha e querida bicicleta que tive por 16 anos, a melhor Rudge-Whitworth que já exisitiu”.

Contudo, Thomas Orde-Lees não foi o primeiro a pedalar no Polo Sul! Havia uma bicicleta na expedição Terra Nova, comandada pelo Capitão Robert Falcon Scott, em 1910.

Entre os tripulantes estava o geólogo Thomas Griffith Taylor, “um ciclista apaixonado” como é descrito em alguns textos. Antes de entrar para a expedição, ele estudou em Cambridge, onde a bicicleta é um meio de transporte muito popular entre os estudantes.

A bicicleta que Taylor pedalava no Polo Sul resiste até nossos dias. Passou um tempo à mostra na parede da cabana da expedição do Capitão Scott, mantida e preservada em mínimos detalhes. A bicicleta agora está sendo cuidada dentro do Antarctic Heritage Trust.

Thomas Orde-Lees e Thomas Griffith Taylor não tinham em comum apenas o primeiro nome. Eram homens que realmente estavam à frente de seu tempo. Quem viaja à Antártica, quase 100 anos depois daquelas expedições épicas, pode ver pessoas de bicicleta pelos caminhos da Estação McMurdo.

Hoje, não só é possível pedalar no Polo Sul, como existem bicicletas comunitárias na Ilha de Ross.

Mas pessoas ainda perguntam: como você faz pra pedalar quando está chovendo? E quando está calor? E no trânsito? Pode-se ver que, quando há desejo, vontade e uma certeza de que bicicletas trazem mais vantagens do que empecilhos, não há obstáculos.

Na pior parte da viagem, quando o futuro era incerto e os acontecimentos tinham levado todos a uma situação angustiante e sombria, Orde-Lees escreveu: Ninguém… sabe o que significa para mim ter uma bicicleta e um lugar para pedalar, por mais que sejam duros e ásperos os dias (diário pessoal, registro em 11 de março de 1915).

A bicicleta pode sempre ser a solução que possibilita ir além.

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