Síndrome do piriforme é comum entre os novos ciclistas.
Alongamentos e boa alimentação são essenciais para não haver problemas.
A existência de ciclofaixas aos domingos já fazem parte da rotina de muitos recifenses, com o número de ciclistas tendo crescido no último ano. Uma pesquisa recente, encomendada pela Secretaria de Turismo e Lazer ao Instituto Maurício de Nassau sobre as ciclofaixas, mostra que 34,4% dos entrevistados utilizam bicicleta há menos de um ano. Além de cuidados com a segurança, com utilização de itens de segurança, os novos ciclistas precisam prestar atenção à saúde antes de investir em uma nova atividade.
O fisioterapeuta Rafael Sales explica que muitas lesões musculares acontecem devido à falta de preparo físico. “A gente é muito imediatista, no geral. Começamos a malhar aqui e em uma semana queremos correr uma maratona. O que mais chega para mim são pessoas que vão fazer atividade física, fazem de qualquer jeito. Como o corpo não está pronto, não é receptivo ao estímulo. A pessoa de repente anda muito de bicicleta, resolve correr, acaba sentido dores”, explica Sales.
Os ciclistas mais recentes tendem a sentir mais as dores devido à facilidade do exercício, que leva a um 'excesso', explica o professor de educação física Roosevelt Menezes. “[Pedalar] é uma atividade leve, onde se aplica pouca força e a própria inércia vai levá-lo cinco metros adiante. Aí se dá mais quatro pedaladas, vai mais dez metros. Então, para o ciclista, dá tempo de recuperar a sensação, mas a musculatura não funciona assim. Por isso que correr é mais difícil, você tem que aplicar a força a cada passada. Bicicleta não, você vai sentir quando estiver bem longe de casa. É onde se acentuam as lesões, você já sentiu os primeiros efeitos quando está a dez quilômetros de casa e vai ter que voltar . Por isso que no dia depois a pessoa sente dores”, aponta Menezes.
Luana Monteiro e Patrícia Vieira admitem que pegaram a bike
sem se preocupar com postura (Foto: Katherine Coutinho / G1)
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Uma das reclamações mais comuns é a de ‘dor nas costas’, por vezes confundida com a síndrome do piriforme, músculo estratégico do quadril, que cuida da rotação do sacroilíaco, a última parte da coluna. “Mesmo sendo de baixo impacto, o movimento repetitivo gera desequilíbrio. Não tem estudos que comprovem que todo ciclista desenvolve a síndrome do piriforme, mas, na prática, a gente vê um desequilíbrio da pélvis”, afirma Sales.
Mesmo já tendo ouvido falar da síndrome, Menezes acreditava que as dores que sentia nas costas, há seis anos, eram devido a problemas de coluna. Com medo de lesões, chegou a deixar de viajar com amigos para a Chapada Diamantina, até enfim ter o diagnóstico que o problema era outro.
“Todos os médicos diziam que era coluna. Só tem um ano que descobri que era síndrome do piriforme. O músculo pega de um lado a outro, do sacro ao fêmur. Quando ele é encurtado, ele gira, faz torção na articulação sacroilíaca. Ele joga então a tensão para a coluna lombar, para cima, então acontece uma reação em cadeia - e provoca na maioria das vezes uma travar das costas. Muita gente pensa que tem problema de coluna por causa disso”, explica o professor de educação física, que trata o problema com fisioterapia atrelada à osteopatia, semanalmente.
Fisioterapia com técnicas de osteopatia é uma das alternativas de tratamento (Foto: Priscila Miranda / G1) |
A osteopatia trabalha com a reorganização de articulação, tanto da parte muscular, quanto da plástica (tendões) e os ossos, sendo uma das opções de tratamento para lesões como essas. “A osteopatia pode organizar seu corpo e você se tornar mais receptivo a algumas situações. Eu reparto as tensões, os trabalhos. Com isso, consigo melhorar rendimento, porque faço as articulações trabalharem de maneira mais eficiente”, explica Sales.
Alongar é essencial para evitar dores, de acordo com o fisioterapeuta
Rafael Sales (Foto: Priscila Miranda / G1)
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Outra conseqüência de se fazer um exercício sem preparo e atenção a pequenos detalhes é a cãibra, que tem como motivos a má hidratação, o excesso de exercícios e a diminuição do potássio no organismo. “O importante é garantir boa hidratação, usando água antes, cerca de 300 mililitros; durante, tomando aproximadamente meio litro a cada hora de pedalada; e logo após o treino. Durante treino de mais de uma hora, deve-se, a partir de uma hora, iniciar o uso de carboidratos e eletrólitos (sódio e potássio), que serão usados como fonte de energia e evitarão desidratação e cãibras. As bebidas esportivas são indicadas nesse caso”, aponta a nutricionista Roberta Costi.
Cuidados
Sanduíche com suco é opção para antes de andar de
bicicleta (Foto: Katherine Coutinho / G1)
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Sair sem comer também não é uma boa ideia. “Nunca deve-se fazer exercício em jejum. Até uma hora antes, você pode fazer uma refeição sólida, como café da manhã, um sanduíche com suco, um iogurte com granola ou uma fruta com leite. Se for almoçar, deve-se esperar pelo menos duas ou três horas para fazer a digestão e treinar. Se só tiver 15 ou 30 minutos para sair para pedalar, use apenas algo leve, líquido de preferência”, ensina a nutricionista.
Aliando cuidados com a alimentação e com o preparo físico, a pessoa tende a perceber uma melhoria na qualidade de vida, acredita o educador físico Roosevelt Menezes. “O efeito mais imediato da atividade física é o sono. No dia que você faz atividade, você dorme bem. Depois, vêm outros efeitos crônicos, como melhora da postura, equilíbrio, marcha, condicionamento geral, força. Depois você vê aumento da massa muscular, melhor disposição. Os [benefícios] psicológicos são segurança física, autoestima”, explica.
Com alongamentos constantes, Menezes conseguiu pedalar mais de 150
quilômetros em uma viagem(Foto: Roosevelt de Menezes / Acervo pessoal)
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Ainda assim, é preciso nunca esquecer o alongamento, alerta o professor de educação física. Em maio, Menezes viajou com o grupo Pedala Mundo para a França, onde pedalou mais de 150 quilômetros. Mesmo sofrendo da síndrome do piriforme, pela primeira vez na vida não sentiu dor alguma. "Eu fui com quatro esquemas de alongamentos. Todos os dias, depois de pedalar, eu deitava na cama e alongava. Não senti nada, faz realmente diferença alongar", avisa.
Antes e depois de pedalar, o ciclista deve alongar quatro músculos: o posterior de coxa, o iliopsoas, o piriforme e o quadrado lombar. "Eles são considerados o pilar do quadril, que é o eixo mais importante do corpo, porque liga as partes inferior e superior. E funciona não só numa direção, ele gira, roda e flexiona, em movimentos independentes", ensina Menezes.
Deitar na cama, alongar os músculus do quadril e relacionados ao
movimento de pedalar é essencial(Foto: Priscila Miranda / G1)
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