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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Alfabetismo urbano

Foto: Transporte Ativo/BikeForever
As bicicletas, todas elas, tem sido fundamentais para redesenhar as cidades que imaginamos. Contribuem para mudar a visão de mundo que quem pedala, de quem ainda não pedala e principalmente de quem planeja e influi na organização urbana.

Aos poucos as rotas mais populares são mais marcadas e definem as origens e destinos preferidos pelos usuários do sistema, mas as consequências vão além de um desenho animado. A popularização do uso da bicicleta é o atalho capaz de redefinir prioridades urbanas. Um caminho com diversas etapas, que começa através de atitudes individuais de quem opta por pedalar, passa pelas atitudes coletivas de quem promove o uso da bicicleta e chega até as políticas públicas.

O meio mais comum de locomoção nas cidades brasileiras é o caminhar, mas o desenho urbano é pensado para os cidadãos que utilizam motores para cumprir distâncias curtas, médias e longas. Reverter essa lógica, construída ao longo do século XX, é um trabalho necessário e em curso. Ainda assim, muitos dos que sofrem nos congestionamentos esperam uma solução para seu problema, sem saberem ao certo o que é necessário para apaziguar o sofrimento diário que compartilham com os condutores parados ao redor.

No dia-a-dia pedalar no trânsito urbano é deparar-se com episódios constantes desse analfabetismo funcional que atinge as pessoas presas atrás do volante. O principal fenômeno certamente é a acelerada para parar no próximo semáforo fechado. E tal qual a lebre e a tartaruga, o ciclista costuma seguir devagar e sempre e ultrapassar as tensões de quem não viu as cidades serem modificadas e construídas em função da mobilidade motorizada e reconhece apenas soluções vistas de dentro do carruagem de aço.


Em silêncio, o ciclista que ultrapassa, é ultrapassado e cruza mais uma vez até sumir no emaranhado das ruas é um lição de alfabetização urbana. Ensina em silêncio que a bicicleta é a ferramenta mais eficiente para os deslocamentos humanos. Como brinde, ainda fica o aprendizado de que mesmo planejadas para deslocomentos motorizados, as cidades acabaram por ser tornar espaços de livre trânsito apenas para quem ocupa pouco espaço.

Fonte: Transporte Ativo

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