A obesidade é a principal responsável pela hipertensão, entre outras enfermidades Foto: Divulgação |
As grandes cidades - espalhadas, divididas e caóticas- são o cenário onde os habitantes vivem de forma cada vez mais sedentária. The Heart and Stroke Foundation do Canadá, publicou em 2004 uma pesquisa mostrando que a cada quilômetro adicional de caminhada por dia, a tendência em se tornar obeso reduzem em 5%, e cada hora por dia gasta em um carro aumenta a probabilidade de se tornar um obeso em 6%. A obesidade é a principal responsável pela hipertensão, entre outras enfermidades, e por isso a The Heart and Stroke Foundation alerta "A gordura é o novo tabaco".
Os maus hábitos com a saúde são preocupantes, mas um elemento crucial merece mais atenção da sociedade em geral: o espaço público. Muitas vezes, a falta de entusiasmo com uma vida mais ativa, como caminhar mais em nossos deslocamentos diários ou optar pela bicicleta, é fruto de lugares pouco convidativos, mal desenhados e construídos. Fica cada vez mais evidente como o espaço público é mal concebido e subestimado, como se este não tivesse tamanha influência sobre os cidadãos, suas atitudes e escolhas.
"Nós moldamos a cidade e a cidade nos molda."
A frase já replicada por muitos estudiosos, desde o geógrafo David Harvey ao arquiteto e urbanista Jan Gehl, explica essa relação direta entre o meio e a atitude dos cidadãos. O Fit Cities São Paulo, evento promovido pela entidade Cidade Ativa e pelo USP Cidades, terá o objetivo de discutir a forma da cidade e os estímulos que podem gerar escolhas mais saudáveis, que estimulem as pessoas a tornarem-se mais ativas e dispostas.
Se nos séculos XIX e XX as doenças infecciosas foram combatidas por reformas urbanas que garantiam a instalação de infraestrutura de saneamento, maior ventilação e insolação de edifícios, as doenças de desequilíbrio energético do século XXI podem também ser prevenidas e controladas por um novo modelo de planejamento, de desenho urbano e arquitetura que sigam as estratégias discutidas pelo movimento Active Design, diretrizes por uma cidade mais ativa e saudável.
Novas políticas de uso do solo, de habitação, de mobilidade, de planejamento de espaços livres para recreação e prática de esportes e de acesso à alimentação saudável - entre outras - podem ajudar a transformar o ambiente urbano. Ao privilegiar o transporte individual, a proliferação de condomínios fechados e bairros murados, distantes dos centros de trabalho, comércio e serviços, ficaram em segundo plano as calçadas, a criação de parques, praças e áreas de recreação. "O Cidade Ativa acredita que esse cenário pode e deve ser revertido e que um novo modelo para as cidades poderá impulsionar estilo de vida mais ativo para os brasileiros." ressaltam o médico José Eduardo Bittar e a arquiteta e urbanista Gabi Callejas, diretores da entidade Cidade Ativa, responsável por trazer o movimento Active Design ao Brasil.
Junto com o USP Cidades, eles esperam abordar esse desafio com otimismo e perspectiva de implantação, como considera Maria Teresa Diniz, Coordenadora Executiva do USP Cidades: "É impossível dissociar a saúde pública do planejamento urbano. Temos que aproveitar o momento em que a cidade é tema central da discussão e mostrar a relevância que um espaço público de qualidade pode ter na vida de todas as pessoas."
Para iniciar esta empreitada, USP Cidades e Cidade Ativa realizarão, como parte da Conferência Fit Cities São Paulo, um Safári de calçadas onde a metodologia do Active Design será testada. O objetivo é colher aspectos de diferentes tipologias de calçada para levantar que características podem transformar a maneira como o paulistano se relaciona com os passeios.
Fonte: A Critica/uol
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