Foto: © Daniel Hunter/WRI Brasil |
Em São Paulo, 50% dos deslocamentos acontecem por motivo de trabalho. Sendo assim, a contribuição do setor corporativo é fundamental para que uma mudança gradativa de comportamento aconteça e o transporte se torne mais sustentável. Segundo a pesquisa do Cebrap, 42% do total de viagens realizadas diariamente na cidade poderiam ser feitas de bicicleta, já que são deslocamentos de até 8 quilômetros, com baixo grau de dificuldade para pedalar, realizados entre 6h e 20h por pessoas de até 50 anos.
Também foi investigada a disponibilidade das pessoas para adotar a bicicleta como meio de transporte cotidiano. Segundo os dados, 31% dos paulistanos estariam dispostos a adotar o pedal. Chama a atenção que o comportamento no trânsito foi um fator bastante citado, tanto pelos dispostos quanto pelos não dispostos. Para 51% das pessoas que não estão dispostas a pedalar, o principal motivo é o medo. Em segundo lugar vem o comportamento no trânsito, com 14%.
Pedalar mais traria benefícios tanto individuais quanto para a cidade como um todo. Mas como mudar esse cenário?
Mobilidade corporativa como estímulo
Uma maneira de começar a transformar alguns hábitos é atuar justamente no que mais influencia os deslocamentos nas grandes cidades: o trabalho. “A mobilidade corporativa vem justamente para mostrar que, embora as organizações não possam determinar como eu me desloco até o trabalho, suas políticas e ações podem influenciar que eu me desloque de uma maneira mais sustentável”, afirmou Guillermo Petzhold, especialista de Mobilidade Urbana do WRI Brasil, durante a palestra “Como fazer um Programa de Mobilidade Corporativa para Bicicleta”. Ele foi um dos painelistas no evento do Dia De Bike ao Trabalho, promovido pelo Bike Anjo, que reuniu organizações, cicloativistas, representantes da sociedade civil e do poder público para debater a relação da bicicleta com a saúde na cidade e celebrar os vencedores do 1º Prêmio SP de Bike ao Trabalho.
Guillermo Petzhold apresentou os benefícios da mobilidade corporativa - Foto: Debora Pinho/WRI Brasil |
Trata-se, acima de tudo, de uma quebra de paradigmas e alteração de comportamento que trará diversos benefícios para pessoas, organizações e cidades. “A gente precisa voltar a ter uma cultura que apoia associações e grupos organizados. Dê suporte à sua organização local. Precisamos nos organizar como grupo, discutir e dar apoio a iniciativas. Do ponto de vista individual, é preciso fazer pressão nas empresas onde atuamos, no bairro onde estamos”, pontuou Aline Cavalcante, diretora presidente da Ciclocidade, durante o evento.
Para se alcançar uma mobilidade mais sustentável, é importante que empresas estimulem novas formas de deslocamento até o local de trabalho e criem políticas internas que contribuam para o fortalecimento de modos sustentáveis. O guia Estratégias de Mobilidade Urbana para Organizações apresenta e facilita a implementação de sete estratégias que incentivam hábitos mais sustentáveis nos deslocamentos ao trabalho. A publicação Passo a Passo para a Construção e um Plano de Mobilidade Corporativa orienta empresas e organizações na implementação de ações de Gestão de Demanda de Viagens.
Governos e organizações públicas e privadas devem compartilhar a responsabilidade na busca por soluções para os problemas de mobilidade urbana. A responsabilidade para que tenhamos uma mudança cultural, de políticas e hábitos, deve ser conjunta – empresas, poder público e sociedade civil.
Fonte: The City Fix Brasil
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