Evento "Conheça o Recife pedalando", no mês passado |
"O movimento existe há mais de duas décadas, em mais de 350 cidades do mundo. No Brasil, acontece há cinco anos, em mais de cem cidades. Queremos divulgar a bicicleta como um meio de transporte, criar condições favoráveis para o uso dela e chamar a atenção da população para o fato de ser ecológica e sustentável. Cobramos respeito dos motoristas com os ciclistas e pretendemos mostrar que o trânsito é feito de vários integrantes, sendo possível se conviver com harmonia", explica um dos participantes, o biólogo Lúcio Flausino.
A concentração para a Bicicletada Recife começou às 18h, na Praça do Derby. Às 19h30 o grupo saiu pedalando pelo Recife. O percurso foi definido na hora. Os organizadores explicaram que qualquer pessoa, de qualquer idade, acostumada a pedalar ou não, pode participar porque o trecho não ultrapassará 15 quilômetros e a velocidade será baixa. Este mês o movimento completou três anos.
No Recife, a Bicicletada tem fortes motivos para acontecer. A malha cicloviária da cidade, assim como a do Grande Recife, reflete a falta de prioridade do poder público aos ciclistas. Quem precisa ou optou por se deslocar de bike tem que se espremer no canto das ruas, em meio aos carros. Briga por espaço. Os ciclistas são tão ou mais esquecidos que os ônibus nas ruas da Região Metropolitana.
Oficialmente, existem sete equipamentos voltados para a bicicleta no Grande Recife, cinco deles na capital. Mas, na prática, apenas 10 quilômetros podem ser definidos como ciclovias por estarem, de fato, separados fisicamente dos veículos. São os equipamentos da orla de Boa Viagem, com 8,5 quilômetros, e da Avenida Norte, com 1,5 quilômetro. Mesmo assim, os dois têm problemas de manutenção e traçado. O restante é ruim e não pode sequer receber a denominação de ciclovia, ciclofaixa ou faixa compartilhada. Está destruído, obstruído e sem sinalização. A descontinuidade é outro problema. "Entendemos que não é possível colocar ciclovia em todo lugar. Às vezes uma ciclofaixa ou uma faixa compartilhada funcionam melhor. Mas a maioria dos equipamentos liga nada a lugar nenhum", reclama Lúcio Flausino.
A restrita malha cicloviária também não tem manutenção. A Ciclovia Tiradentes, que tem esse nome mas não passa de uma faixa preferencial em Afogados, Zona Oeste do Recife, está apagada há cinco anos. Só restaram as placas nos postes e uma ou outra marca de pintura. "Quando havia pintura já era ruim. A maioria dos carros nem sabe que um dia existiu espaço para ciclista aqui", critica o entregador Eduardo Dias.
"É melhor andar na rua. Eu passo todo dia ao lado de uma ciclovia que não tem continuidade e vive ocupada por vendedores", reclama o repositor Cláudio Guilhermino, numa referência a uma ciclovia com menos de um quilômetro ao lado do Fórum do Recife, na Ilha Joana Bezerra, área central. De tão abandonado, muita gente nem percebe o equipamento. A Prefeitura do Recife garantiu que quatro das cinco ciclovias da cidade serão recuperadas em breve.
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