Facilitar este acesso significa compreender os movimentos históricos que afetam o pleno desenvolvimento de uma cultura adequada ao ciclismo urbano e rural no Brasil. Seja através da ausência de políticas cicloviárias adequadas, seja como um bem de consumo não ajustado ao poder de compra dos brasileiros, a tributação que incide sobre bicicletas e suas peças é um dos principais fatores que culminaram, nos últimos anos, em um encolhimento da produção nacional. É especialmente sobre estes aspectos que a rede BPT (Bicicleta para Todos) se debruçará mais intensamente.
Hoje o Brasil é o 3º maior produtor de bicicletas no mundo, perdendo apenas para a China e para a Índia. É o 5º maior consumidor de bicicletas no mundo, representando uma fatia de 4,4% do mercado internacional. No entanto, quando observamos o consumo per capita de bicicletas, caímos para a 22ª colocação, o que significa um mercado emergente e um potencial de crescimento enorme.
Segundo dados do estudo “Análise econômica do setor de bicicletas e suas regras tributárias”, realizado pela consultoriaTendências, a tributação média sobre o custo de uma bicicleta vendida no Brasil é de 72,3%. Este cenário é responsável, por exemplo, em manter 40% da produção nacional de bicicletas na informalidade. Outra consequência da alta tributação é a retração da produção e do consumo nacional de bicicletas observada nos últimos anos, justamente em um momento globalmente favorável aos investimentos neste modal de transporte ativo e limpo.
De acordo com o IBGE, quase 1/3 daqueles que se utilizam da bicicleta como meio de transporte no Brasil têm renda familiar de até R$ 600. São estes os brasileiros mais afetados pela alta tributação, que tolhe o acesso a um produto de mais qualidade e com valores mais justos, favorecendo a migração para outros meios de transporte, especialmente os motorizados.
Ainda segundo o estudo da Tendências, para uma redução de 10% no preço da bicicleta, estima-se um aumento do consumo mais que proporcional, da ordem de 14,8%. A isenção do IPI (Imposto sobre produtos industrializados) para bicicletas, por exemplo, elevaria o consumo formal de bicicleta em 11%. Isto significaria mais bicicletas nas ruas, mais qualidade de vida, menos congestionamentos e, ainda, maior arrecadação para os cofres públicos.
Por fim, é premissa da rede Bicicleta para Todos sensibilizar a opinião pública, bem como os tomadores de decisões, sobre a realidade do mercado de bicicletas no Brasil. São dados alarmantes e que representam entraves históricos para tornar a bicicleta mais acessível. Com a união nacional dos principais agentes transformadores que compõem esta rede será possível, em um futuro muito próximo, modificarmos esta realidade e criarmos as condições adequadas para o pleno desenvolvimento da bicicleta no país.
Mais informações: www.bicicletaparatodos.com.br
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