O comportamento das pessoas pósmodernidade demonstra uma forte tendência a buscar prazer e satisfação no imediatismo em tudo. O que vale é o prazer, o resultado imediato, tudo o que se faz é pensando apenas no agora, sem discernimento, sem se importar ou refletir sobre o depois e principalmente sobre as consequências deste imediatismo.
A vida moderna em função das novas tecnologias e a influência que elas tiveram em nossas vidas faz com que pensemos que nossas ações e reações tenham que ser tão rápidas quanto a velocidade de transmissão sistemática de dados online.
Para vivermos com mais tranquilidade e qualidade de vida, respeitando os nossos próprios limites e também os das pessoas ao nosso redor, é importante pautarmos a nossa vida em expectativas realistas e prezarmos pela nossa saúde mental e física.
A cultura imediatista que estamos vivendo leva as pessoas à depressão mais facilmente. Por isto, vemos pessoas desmotivadas não somente no trabalho, mas no dia-a-dia. Pessoas impacientes, que tentam resolver tudo em questão de minutos, como se o mundo fosse acabar naquele momento. O imediatismo pode trazer como consequência negativa os trabalhos mal elaborados, os erros, e o que é pior, acaba nos transformando em pessoas frustradas.
Estudos comprovam que as pessoas não imediatistas são socialmente mais competentes, otimistas, assertivos, equilibrados, flexíveis, autoconfiantes, determinados e capacitados a superar, com mais facilidade, os traumas e reveses da vida. Em contrapartida, os que são imediatistas tendem a ter menos competências e qualidades em relação aos não imediatistas, demonstrando perfis psicológicos significativamente mais problemáticos, mais reativos, tímidos nos contatos sociais, medrosos e indecisos na tomada de decisões; descontrolam-se com mais facilidade diante de perdas e frustrações; ficavam paralisados quando submetidos à pressão.
Eu que trabalho diretamente com pessoas, é muito curioso participar de suas expectativas. Com muita frequência atendo pessoas extremamente ansiosas na busca de resultados imediatos, tenha ela o objetivo aprender a pedalar ou apenas desenvolver as técnicas de pilotagem da bicicleta. A primeira preocupação que demonstram é com o tempo. Quanto tempo terão que dedicar para aprender? Estabelecem uma expectativa muito alta e cruel, definem um tempo exíguo para atingir o objetivo e em seguida se frustram profundamente por não atingirem o objetivo.
Para uma pessoa de qualquer idade, seja criança ou adulto, eu e os outros professores da escola, conseguimos que o aluno coloque a bicicleta em movimento em uma ou no máximo duas horas. Até este ponto a pessoa fica satisfeito com sua capacidade ou habilidade, porém a sua impaciência inicia quando percebe que ter o controle total da bicicleta e dominar as técnicas básicas de pilotagem, demandará um tempo um pouco maior. Demandará dedicação para criar a intimidade necessária com a bicicleta para ter o seu total controle. É neste ponto que a ansiedade toma conta, que a paciência acaba e a pessoa é tomada por certo grau de frustração. Como atingir minimamente resultados razoáveis dedicando apenas 3 ou 5 horas no total! O entusiasmo inicial é interrompido no enfretamento das dificuldades e na busca de resultados imediatos. Os caminhos são os mais tristes: frustração, sentimento de incapacidade e em alguns casos desistência.
O imediatismo de nossos dias tem atropelado sentimentos, habilidades, maturação, percepção de realidade por não passarem pela equação: Tempo + Dedicação, gerando uma lista desejos frustrados que dificilmente, serão plenamente concretizados.
As pessoas que já pedalam, mas tem dificuldades em determinadas técnicas, como por exemplo: usar sapatilha, fazer curva acentuada, transpor obstáculos entre outras, nos procuram para aprender a técnica correta, mas é bastante comum se queixarem de não conseguirem desenvolver tais habilidades nos primeiros 15 a 20 minutos de aula. Logo na primeira tentativa ouço com certa frequência frases do tipo: Nossa como é difícil, nunca vou conseguir fazer isto! Isto não é para mim, não tenho a menor coordenação.
Enquanto atletas profissionais de dedicam em média de 6 a 8 horas por dia de treino durante grande parte de suas vidas, uma pessoa comum, que pratica o esporte apenas como lazer, quer atingir um determinado objetivo em poucos minutos.
Não existe mágica! É necessário entender que é preciso treinamento, trabalho, dedicação, tempo e uma boa dose de paciência para que as coisas realmente aconteçam e os objetivos sejam alcançados.
“Eu tive muita sorte somente depois que comecei a treinar 10 horas por dia” - Tiger Woods, considerado um dos melhores golfistas de todos os tempos.
Quando desejamos muito alguma coisa existe a tendência a não querermos esperar. Ao chegar neste ponto é importante criar motivos concretos e realistas para termos um porque esperar, mantendo a mente tranquila e sem apressar nenhuma situação.
É fundamental estar atento às formas em que o imediatismo impera sobre nossas vidas maltratando a nós mesmos, através de nossas formas de pensar, agir e sentir. Geralmente quando se é imediatista e este defeito alia-se a uma impulsividade, as respostas são muito desastrosas.
Conheço algumas mulheres que desejam muito melhorar seu desempenho na pilotagem da bicicleta para participar de grupos de pedais e treinos com assessorias, mas por estarem sofrendo com o imediatismo, não se preparam, não se desenvolvem, esperam resolver a situação de forma milagrosa sem a devida dedicação e paciência, o resultado é o mais danoso possível, algumas desistem de pedalar por se considerarem incapazes e outras se acidentaram gravemente, pois mesmo sabendo que não dominam as técnicas, e mesmo sem aprender por falta de paciência e dedicação, se lançam as aventuras dos passeios e treinos e infelizmente a consequência são acidentes e lesões graves, emocional muito abalado e profundo sentimento de incapacidade, ou seja, danos emocionais.
Oscar Schmidt, Oscar Daniel Bezerra Schmidt, o ex-jogador brasileiro de Basquetebol, considerado um dos maiores jogadores de basquetebol de todos os tempos, enfatiza em seu discurso: “Sou produto de treinamento. Quer ser o melhor na sua área de atuação? Pratique, estude, se esforce. Treine muito, mas muito mesmo, e quando estiver bem cansado, treine mais um pouquinho porque esse pouquinho vai te fazer melhor”.
Para Oscar Schimidt esta é a grande característica que as pessoas vencedoras têm em comum: Todas treinam muito porque sabem que é necessário. A vida nos apresenta diariamente muitas opções que aproveitaremos melhor se estivermos focados no presente e com saúde para usufruir e trabalhar em função das nossas escolhas. Cuide melhor de si mesmo, não permitindo que a velocidade do mundo moderno afete suas relações e seus comportamentos.
Você está em busca de resultados? Quer pedalar melhor? Quer dominar uma técnica específica? Treine, treine e treine!
Crie expectativas reais as suas capacidades. Como aconselha Oscar: “Conheça o seu lugar dentro da equipe. Cada um deve saber o seu lugar dentro do grupo. Não dá para a equipe toda fazer 30 pontos em um jogo, mas há lugar para rebotes, para defesa, para passes”.
Portanto evite a comparação, pois ela o levará a mais frustrações ainda, ninguém é igual a ninguém, todos temos habilidades e capacidades que se afloram em tempos e de formas distintas. Valorize aquilo que já sabe fazer e treine exaustivamente as habilidades que precisa ou que deseja aprender.
Fazendo a autoanálise: Pense em algo que gostaria de fazer bem, chegando quase que na excelência. Sendo profundamente honesto, quanto tempo você tem dedicado ao desenvolvimento de tal habilidade?
Aceite seus erros e aprenda com eles. Você já deve ter sentido isso na pele. Quando cai da bicicleta você vai se esforçar em dobro para o escorregão não acontecer de novo. Se você sempre repetir aquilo que já sabe, não há evolução. O ideal é falhar tentando algo novo e mais difícil.
O treino é responsável por boa parte do sucesso das pessoas que chegaram ao ponto mais alto do pódio, mas é preciso entender o que as levou a se esforçarem tanto. Quem passa 10 mil horas da vida se dedicando a qualquer coisa que seja tem pelo menos uma característica muito ressaltada: o autocontrole. É ele que permite que a pessoa não se lembre que seria muito mais legal dormir ou estar em casa assistindo televisão.
Fonte: Ciclo Femini por Claudia Franco
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