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quinta-feira, 20 de março de 2014

Por que empresários querem difundir a cultura da bicicleta nos Estados Unidos?

As cidades estão comandando a recuperação econômica dos Estados Unidos e, na medida em que isso acontece, os americanos estão montando em suas bicicletas. O índice de moradores que vão ao trabalho de bicicleta aumentou em 85 das 100 maiores áreas urbanas daquele país. Tudo parte de um processo profundamente saudável – e lucrativo – de reforma das economias urbanas.

“As cidades que investem em infraestrutura para bicicletas vão vencer”, prevê Jeff Judge, empresário de marketing digital de Chicago. A presença de ciclovias protegidas é o fator número 1 que o leva a escolher uma cidade para se estabelecer: “É melhor para os negócios, para o planejamento, para a infraestrutura. É melhor para tudo”.

Depois de anos lutando contra a “comunidade dos negócios” por cada centímetro de espaço nas ruas, muitos defensores da bicicleta parecem desorientados com a ideia de que agora eles podem estar do mesmo lado. Mas a verdade é que, de Denver a Memphis, algumas das vozes mais altas clamando por um movimento pró estilo dinamarquês de infraestrutura cicloviária são daqueles que assinam os contracheques. No último relatório da ONG People For Bikes, estão delineados quatro fatores que explicam esse movimento.


Ciclovias protegidas aumentam a visibilidade e as vendas do comércio

Quando as pessoas usam a bicicleta para se locomover, elas são o cliente perfeito: o tipo que volta outra e outra vez. Elas gastam tanto por mês quanto as pessoas que usam carros, com a diferença de que despendem menos em estacionamento e têm mais facilidade de interromper o trajeto para uma comprinha de última de hora.

“Se você está dirigindo a 56 km/h, você não vai parar”, diz Wade Lange, vice presidente de gestão de propriedade da Langely Investment Properties. Ao lado da American Assets Trust, a empresa de Lange é uma das advogadas de defesa da conversão de duas pistas de automóveis, localizadas em frente a um projeto comercial milionário em Portland, em ciclovias protegidas. “Uma vez que você diminui o tráfego, você beneficia o paisagismo, faz as pessoas caminharem mais, e de repente o comércio enriquece”, completa.

Ciclovias protegidas tornam os bens imobiliários mais desejáveis

Ao expandir a distribuição geográfica do espaço livre de carros, as ciclovias ajudam as vizinhanças urbanas a se desenvolver sem ter de esperar anos por serviços de transporte. Diminuindo o tráfego e criando uma alternativa ao uso do carro, as ciclovias ajudam a construir o tipo de lugar onde as pessoas gostam de estar e caminhar.

A H Street em Washington é uma via de seis pistas localizada em um bairro antigo da cidade, no qual a gerente Kathy Card fez uma grande aposta em 2005, ao convencer seu empregador, a Brookfield Office Properties, a comprar um prédio no local. Agora, com a área despontando e arrecadando dinheiro, o principal desejo de Kathy para a H Street são ciclovias – para evitar que seus funcionários precisem de “nervos de aço” para chegar ao trabalho.

Ciclovias protegidas ajudam as empresas a atrair funcionários talentosos

Pessoas de todas as idades, mas especialmente aquelas que atingiram a maioridade depois da onda de criminalidade urbana dos anos 1990, cada vez mais preferem trabalhar e morar em áreas centrais. As ciclovias ajudam os empregadores a se estabelecer no centro sem gastar fortunas em estacionamento e permitem que os funcionários cheguem ao trabalho da maneira de que muitos gostam: dependendo apenas de si mesmo.

“A possibilidade de sair caminhando e almoçar significa muito”, diz Ed Ireson, da empresa de tecnologia Mutual Mobile, que vê na infraestrutura cicloviária uma razão para permanecer na área central de Austin, Texas. “Nós preferimos nos abarrotar em um escritório no centro da cidade a ter muitas salas amplas e espaçosas no meio do nada”, acrescenta.


Ciclovias fazem os funcionários mais saudáveis e produtivos

Constituindo barreiras claras e seguras que separam o tráfego de bicicletas do tráfego de automóveis, as ciclovias protegidas levam mais pessoas a utilizar a bicicleta para se locomover, queimando mais calorias e levando uma vida consideravelmente mais saudável.

Nos anos 1990, grandes empresas tentaram manter seus funcionários em forma e saudáveis instalando academias nos escritórios. Agora, alguns estão se dando conta de que o caminho pode ser outro. Becky Bond, vice presidente da Credo Mobile, de São Francisco, atestou: “Assim como o acesso a uma academia e a um plano de saúde de qualidade,  nós acreditamos que pedalar pode ser um grande benefício. Nós pagamos o preço de estar no centro porque, dessa forma, nossos funcionários podem usufruir os benefícios de utilizar o transporte coletivo ou vir de bicicleta para o trabalho”.


A cultura da bicicleta ainda tem um logo caminho a percorrer para se tornar tão difundida quanto no norte da Europa – em todo o território dos Estados Unidos ainda há menos de 322 km de ciclovias protegidas. Mas histórias como as reproduzidas aqui são a esperança de que o panorama está mudando.

O futuro da bicicleta é algo que os defensores dessa causa na Europa já entenderam há anos: a questão está em compreender que infraestrutura cicloviária não é um luxo em que se decide gastar se nossas economias podem pagar. A verdade é justamente o oposto: infraestrutura cicloviária é algo em que nós investimos para gerar riqueza para a cidade. É algo que nos ajuda a fazer todas as outras coisas de que a sociedade  precisa.

Fonte: TheCityFixBrasil

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