Algumas pessoas sentem medo de pedalar e perdem a oportunidade de experimentar esta atividade tão prazerosa. Conheça um pouco mais sobre esta reação que, a princípio, protege a vida, mas que pode se tornar uma amarra para novas experiências.
Foto: Auremar |
O medo é uma reação em cadeia no cérebro que tem início com um estímulo de estresse e termina com a liberação de compostos químicos que causam aumento da frequência cardíaca, aceleração na respiração e energização dos músculos. O estímulo pode ser uma aranha, um auditório cheio de pessoas esperando que você fale ou a batida repentina da porta de sua casa.
Se não tivéssemos medo, não teríamos nenhum receio de carros em alta velocidade, de animais venenosos e de doenças contagiosas. Tanto nos seres humanos como nos animais, o medo tem por objetivo promover a sobrevivência. Com o decorrer do tempo, as pessoas que sentiram medo tiveram mais pressão evolutiva favorável.
A extinção do medo envolve a criação de uma resposta condicionada que contrapõe a reação condicionada àquele medo. A maioria das terapias comportamentais para a extinção do medo concentra-se na exposição. Por exemplo, a terapia para uma pessoa com medo de cobras pode incluir visitas a uma fazenda de cobras e percorrer pequenas etapas.
Medo de pedalar, de dirigir e de nadar
Outro medo comum, especialmente entre as mulheres, é o de dirigir. Conforme a psicóloga Marina Pereira, da empresa Dirigir com Arte, especializada neste assunto, cada pessoa traz a sua própria história, que pode envolver algum trauma ou desconhecimento do que fazer na prática de dirigir. “Há simplesmente o medo de errar. Pessoas muito exigentes e perfeccionistas não se permitem cometer erros. Deixam de dirigir por medo de o carro desligar no trânsito e as pessoas olharem para elas”, explica Marina.
“Na Dirigir com Arte temos alunos que não andam de bicicleta e também não nadam. Não aprofundamos estudos a respeito ainda, mas observamos a falta de autoconfiança nos alunos que não praticam estas atividades. Quando superam o medo da direção, comentam que vão aprender a pilotar bicicleta ou nadar”, explica Marina. Essa situação é comum também na Escola de Bicicleta Ciclofemini. Pessoas que chegam para perder o medo de pedalar e depois que aprendem, sentem-se mais seguras e comentam que vão aprender a dirigir ou a nadar.
Marina comenta que nem sempre o medo está atrelado a um trauma. Ela explica: “Sempre ouço: tenho um medo que não sei de onde vem. E nem sempre de fato está atrelado a um trauma. Durante o processo de aulas e acompanhamentos psicológicos, é possível que o aluno entre em contato com o medo e ele mesmo acabe trazendo a possível origem. Durante os atendimentos, principalmente na primeira entrevista, colhemos informações sobre a história familiar. Em alguns casos, situações vividas pelo pai ou pela mãe no contexto de direção, mas nem sempre um acidente diretamente com eles, é passada para o filho ou filha. Há também, em alguns casos de mulheres que não dirigem, a falta do modelo feminino na direção: a mãe não dirige, as tias não dirigem. Algumas recebem apoio, outras não; sobre algumas também recai muita atenção e cobrança dos demais”.
O periódico norte-americano Prevention publicou recentemente oito dicas práticas para acabar com os medos diários. Se você tem medo de pedalar, ou conhece alguém que precisa superar este receio, estas sugestões serão valiosas.
1. O motivo não importa: Saber o porquê de você ter desenvolvido um medo específico não o ajuda na hora de superar esse medo e atrasa seu progresso em áreas que realmente vão lhe ajudar a ter menos medo. Relaxe e pare de tentar descobrir o motivo do seu medo.
2. Aprenda sobre aquilo que você teme: a incerteza é um grande componente do medo. Desenvolver um entendimento sobre o que você tem medo ajuda a apagá-lo.
3. Pratique: Se houver algo que você tem medo de tentar fazer porque parece assustador ou difícil, trabalhe em etapas. Criar familiaridade aos poucos torna essa coisa mais fácil de se controlar.
4. Descubra alguém que não tem medo: Se há algo de que tem medo, encontre alguém que não tenha medo dessa coisa e passe um tempo com essa pessoa. Leve-a para lhe acompanhar na hora de enfrentar o seu medo. Acredite, vai ficar muito mais fácil.
5. Fale sobre seu medo: Compartilhar seu medo com outras pessoas faz com que ele fique bem menos aterrorizante.
6. Faça jogos mentais consigo mesmo: Se tiver medo de falar na frente de várias pessoas, isso provavelmente acontece porque você acha que elas irão lhe julgar. Tente imaginá-las sem roupa, já que ser o único vestido na sala coloca você na posição de julgá-las.
7. Pare de olhar para a floresta inteira: Olhe apenas a árvore que está à sua frente. Se tem medo de altura, por exemplo, não pense que terá que subir ao quadragésimo andar de um prédio, concentre-se apenas em entrar no elevador.
8. Procure ajuda: O medo não é uma emoção simples. Se estiver com problemas para superar um medo sozinho, procure um profissional para ajudá-lo. Há vários tratamentos para o medo e não há nenhuma razão para você não experimentá-los, desde que tenha a orientação de alguém com treinamento e experiência.
Revista Bicicleta por Claudia Franco
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