"A cada dois minutos uma pessoa morre vítima do sedentarismo, O que já é um problema de saúde pública" Foto: Arquivo Pessoal |
Um dos profissionais da Casa do BemStar, espaço elaborado para atender às particularidades de cada um com uma equipe multidisciplinar formada por educadores físicos, fisioterapeutas, nutricionistas e médicos do esporte, Marcio Atalla alerta que, além de o corpo sofrer, começa a cobrar um preço grande por parar de movimentar-se, um custo alto. “Estudo feito nos EUA aponta que cinco doenças em decorrência do sedentarismo custam US$ 68 bilhões ao ano. Ou seja, é todo o orçamento de São Paulo, que é de US$ 55 bilhões. A cada dois minutos uma pessoa morre vítima do sedentarismo, que já é um problema de saúde pública. Prova disso é que nos EUA se gastam US$ 11 mil ao ano por habitante e mesmo assim a expectativa de vida caiu.”
Marcio Atalla diz que o Brasil segue no mesmo caminho e uma hora a conta não fecha porque, além da questão da saúde, tem ainda a Previdência, gastos com o envelhecimento e os aposentados. “Em 2030, um terço da população brasileira será acima de 60 anos. Se ela não chegar produtiva, sem tanto custo, a conta da saúde não vai fechar. E se nada for feito, será um caos”, alerta.
No fim da década de 1980, cerca de 13% das pessoas tinham sobrepeso no Brasil. Hoje, são mais de 50%. “Somente 5% da população brasileira está matriculada em academia e a frequência é mais baixa ainda no país. No fim, menos de meio por cento se mexem, porque o movimento do dia a dia já era. É muito grande o número de pessoas abandonando a academia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população brasileira é pouca ativa ou sedentária”, destaca Marcio Atalla.
Marcio Atalla reafirma que a atividade física ajuda a combater muitos dos males modernos. Mas ele observa que muitas pessoas, erradamente, confundem sobrepeso e obesidade como culpa da alimentação. Antigamente, só tinha pão branco, nada de dietas, nenhum terror com a lactose e as pessoas não eram “gordas” porque caminhavam mais, se movimentavam. Hoje, elas pararam e aí fica difícil perder calorias. A alimentação é superimportante alinhada com o estilo de vida. Estudo na Inglaterra comprova que é melhor ter sobrepeso sendo ativo do que magro e sedentário.
Ele cita políticas de sucesso das cidades de Copenhague e Amsterdã, na Holanda, que foram planejadas para a mobilidade e hoje têm mais bicicletas do que carros, contribuindo para a qualidade de vida da população. “O melhor movimento é aquele que conseguimos incorporar no dia a dia, como trabalhar mais tempo em pé, acumular passos (10 mil por dia), subir escadas e andar de bicicleta em trajetos diários. No caso do Brasil, é preciso pensar em um sistema que premia as pessoas. Por si só será difícil, porque a primeira preocupação do brasileiro é cobrar das autoridades obras em hospitais e médicos, e não dá contrapartida. Mas a via é de mão dupla, cada um é responsável pela sua saúde, tem de se cuidar.”
Mortes e crianças: Marcio Atalla conta que crianças ficam cinco horas por dia, conforme a OMS, na frente de uma tela, sendo que o ideal recomendado pela entidade é de duas a três horas. “Elas não brincam mais, aliás, só 22% brincam uma hora por dia. Atividade física é positiva para a cognição, aumenta a produção de novos neurônios e ajuda para uma maior oxigenação do sangue, contribuindo para o aprendizado e atividades do dia a dia. Tenho um amigo construtor que revelou gastar 70% com a´área de lazer e espaço fitness em prédios e condomínios, mas só 6% a usam. E se pensarmos na população menos favorecida, tudo é mais difícil. Mas sempre há saída, como caminhar mais, trocar o elevador pela escada, enfim, encontrar alternativas”, diz.
Com cenário cada vez mais preocupante, Marcio Atalla enfatiza que apenas 35% da população brasileira pratica atividade física três vezes por semana, sendo que o ideal é 30 minutos por dia e cinco vezes por semana. A falta de exercícios mata todos os anos cerca de cinco milhões de pessoas no mundo, número equivalente ao de mortes por tabagismo e maior do que pela obesidade.
Por: Marcio Atalla
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