Protesto com cerca de 200 ciclistas seminus sai da avenida Paulista |
Durante a tarde, grupos se reuniram para pintar mensagens no corpo e fazer máscaras. O risco de morrer no trânsito é sério, mas as mensagens são bem humoradas. "Você não gosta de mim mas sua filha gosta. Não me mate", ou "Vai tomar busão" se misturavam a pinturas de rodas de bicicleta, flores e reproduções de placas de trânsito sobre a pele. No fim da tarde, o clima era de apreensão com a chuva pesada, que poderia atrapalhar o pedal. "O céu vai abrir às 18h30, fiquem tranquilos", disse um dos participantes, professor, durante a concentração. A previsão estava certa: o tempo firmou.
Por volta de 20h, cerca de 400 ciclistas saíram da Praça do Ciclista, no cruzamento da Avenida Paulista com a Consolação. O lema da Pedalada Pelada é "as bare as you dare". Em português, tão nu quanto ousar. Os centrímetros de pele exposta superaram de longe os outros anos: saem tops e shorts e entram biquínis, sungas e muita gente nua em pelo mesmo, com não mais do que uma pintura na pele.
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Entre as mensagens na pele ou em cartazes, "Agora você me viu?", "Mais amor e menos motor" ou "Kassab, sai do helicóptero", uma crítica ao meio de transporte que o prefeito da cidade usa para driblar os congestionamentos. Na massa, professores, estudantes, programadores, analistas, advogados, arquitetos e publicitários, de todas as faixas etárias, gritando "Eu nasci pelado" para quem estivesse vendo da janela do carro ou da calçada.
O transeunte desavisado certamente se espantou com as centenas de ciclistas, que por minutos, ocuparam a rua na frente de bares e restaurantes. As reações variaram dos olhares de espanto e curiosidade a incentivos como os gritos de "tira, tira" e buzinaços de motoristas sorridentes. Inevitavelmente, os celulares são sacados para registrar a passeata de pelados.
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O trajeto levou gente pelada a cerca de 25 quilômetros por bairros como Jardins, Vila Madalena, Jardim Paulistano e Pinheiros. Na Vila Madalena, no cruzamento das ruas Mourato Coelho e Aspicuelta, os ciclistas fizeram um die-in, deitando no chão ao lado das bikes tombadas. Foi uma homenageam à bióloga Juliana Dias, 33 anos, morta em um acidente na avenida Paulista na última sexta-feira, 2 de marços.
Lema do WNBR é "as bare as you dare", ou são nu quanto ousar - Foto: Laura Sobenes/ Fotoarena |
E não incomoda ficar como veio ao mundo sobre um selim? "É quase igual a estar com roupa, o selim é o mesmo que você já está acostumado", garante um mascarado jovem, na casa dos 20 anos. Ninguém parece se importar com a nudez alheia, com o selim. "Mas está friozinho", reclama uma ciclista de biquíni.
Quanto mais longe das câmeras, maior a desinibição. O coro grita: "Pelado é mais gostoso". "Menos gasolina, mais adrenalina". "Pelado pedala", "Obsceno é o trânsito". Ao fim do trajeto, de volta à Praça do Ciclista, os ciclistas continuam em festa. O fôlego parece estar longe de acabar.
IG
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