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segunda-feira, 25 de março de 2013
Bikeboy pedala duro e sai no lucro
Como as novas regulamentações para os motoboys só entrarão em vigor em outubro, o mercado de bikeboys experimenta um surto de crescimento. Sem qualquer regulamentação de segurança, os fretes feitos por profissionais de bicicletas acabam saindo mais barato. De acordo com o Sindimotos-SP (Sindicato dos Motoboys), o número dos bikeboys em São Paulo aumentou de mil em 2009 para 2,5 mil em 2013.
“A demanda não para de aumentar. Comecei com dois couriers de bicicleta em 2010 e hoje tenho 40 funcionários”, diz Danilo Mambretti, de 35 anos, sócio da Carbono Zero Courier. A empresa tem 115 clientes, entre eles Bovespa, Saraiva e Fnac. “A média é de 30 entregas diárias”, contou Mambretti.
Segundo o Sedersp (Sindicato das Empresas de Entregas Rápidas de São Paulo), a média do custo para um serviço de dois pontos, como pegar uma encomenda no ponto e entregá-lo no ponto B é de R$ 35 para um raio de 20 quilômetros. Já o mesmo serviço de bicicleta sai por cerca de R$ 20, mas sem limite de quilometragem. De acordo com o Sedersp, esses preços são média, uma vez que não existe tabela e a negociação é livre.
“Por isso, às vezes, as empresas abusam do ciclista, submetendo-o a percorrer enormes distâncias em um tempo pequeno”, falou Fernando Aparecido de Souza. “Acaba saindo mais barato, mas quem sofre é o profissional”, diz Souza.
Os bikeboys de Mambretti fazem a maioria das entregas em um raio de até quatro quilômetros da sede da empresa, pelos quais cobra R$ 24 para retirar um pacote em um ponto e levá-lo a outro. Para distâncias de até nove quilômetros o custo sobe para R$ 48. “A partir daí perdemos competitividade para os motoboys”, falou Mambretti.
Regulamentos / Para o presidente do Sindimotos-SP Gilberto Almeida, o Gil, o crescimento do mercado de fretes de bicicletas é preocupante porque a situação do ciclista no tráfego é mais frágil. “O ciclista é mais vulnerável no tráfego do que o motociclista. Eles não são obrigados a usar equipamentos de segurança. Com o aumento desses profissionais haverá mais acidentes, sempre piores dos que envolvem motos”, diz Gil. O Sindimotos também representa os bikeboys e, para Gil, é necessária a criação de regras. “A falta de regulamentação para os serviços de bikeboy é um problema que o poder público tem de resolver”, afirmou.
Entrevista
Alice Maria Dutra_Dona de restaurante
Ciclista melhora qualidade das entregas
DSP_ Por que o Farfalla adotou o serviço de entrega por ciclista?
Maria Alice Dutra_ Porque nosso motoboy desistiu da profissão por causa das novas regras. Ele achou que era burocracia demais e resolveu mudar de área de atuação. Então resolvemos tentar com um bikeboy e deu muito certo.
O que mudou no serviço?
Melhorou. Pelo nosso raio de entregas, o tempo para a comida chegar ao cliente diminuiu. Também não tivemos mais reclamações sobre pratos chegando misturados ou pizzas chegando tortas.
Economicamente há vantagens no uso de ciclistas?
Sim, o custo é menor. A motocicleta quebra muito. Já houve domingos em que eu mesma tive de realizar entregas porque a moto foi parar no mecânico. Há também a diminuição do impacto ambiental do Farfalla. O ciclista emite zero carbono. A bicicleta também é muito menos visada por assaltantes e isso nos ajuda nas entregas.
Você recomenda o serviço de bikeboy?
Depende da natureza e do raio de distância das entregas. No caso de um negócio como o Farfalla, sim. O ciclista é um profissional que ainda tem muito o que ser valorizado. Eu já valorizei.
Empresas que usam bike aprovam serviços
Entre as empresas que adotaram o bikeboy estão gigantes como o grupo Pão de Açúcar e restaurantes como o Farfalla, nos Jardins.
Com dezoito anos de existência, o Farfalla optou pelo serviço de bikeboy depois que o motoboy que trabalhava para a casa desistiu da profissão por causa da dificuldade em se adaptar às novas regras (leia entrevista com a proprietária acima).
O bikeboy José Carlos dos Santos, de 41 anos, assumiu o cargo. Fanático por ciclismo, possui cinco bicicletas e pedala 56 km por dia apenas para ir e voltar de sua casa, no Capão Redondo, na Zona Sul, até o restaurante, nos Jardins, no Centro. Entre as 20 entregas diárias pelo restaurante pedala mais 50 km.
“A mais distante que faço é na Rua São Carlos do Pinhal, que fica a cinco km da Rua Presidente Prudente, onde fica o Farfalla. Levo vinte minutos de ida e volta e a comida chega perfeita”, garante o ciclista.
O Farfalla baseia seu cardápio na cozinha internacional e a delicadeza dos pratos exige cuidado, diz Santos.. “Ao contrário dos motoboys, eu consigo desviar de buracos, não viro a caixa com a comida. Nunca recebi nenhuma reclamação”, orgulha-se.
O Grupo Pão de Açúcar já opera com ciclistas desde 2002. “O Pão de Açúcar já tem esse serviço há mais de dez anos como forma de contribuir para a diminuição do trânsito”, afirmou João Edson Gravata, Diretor de Operações do Pão de Açúcar. O serviço de bikeboy está disponível em oito lojas da rede. “Atualmente, são atendidos em média 200 pedidos de entrega por bicicleta por dia”, diz Gravata.
Filme retrata aventura de bikeboy
Perigo por Encomenda (Premium Rush, Estados Unidos, 2012)é um suspense de perseguição estrelado por Joseph Gordon-Levitt. Na trama, ele vive um dos 1.500 bikeboys nova-iorquinos, e é enviado para pegar um envelope na Universidade de Columbia. No entanto, um policial corrupto (Michael Shannon) está desesperado para conseguir o envelope e o persegue por toda a cidade.
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