O novo cliente que procura bicicletas de entrada com uma qualidade melhor aumentou o movimento das lojas especializadas. São pessoas como Simone, que gostam de andar de bicicleta mas precisavam ir para outros locais longe do Recife para dar uma agradável pedalada de final de tarde. “Desde a abertura da ciclofaixa notamos um crescimento de 20% nas vendas em relação às semanas anteriores, quando ainda não havia essa opção na cidade”, atesta o gerente de vendas Aurélio Ferreira Junior, da Impacto Bike, ponto de venda bastante conhecido da Avenida Norte, em Casa Amarela.
Este final de semana de Páscoa é o segundo depois que a Prefeitura do Recife implantou o sistema de ciclofaixa móvel, que sai da Estrada do Encanamento, passando por corredores importantes como Estrada do Arraial, Rosa e Silva em direção ao Marco Zero de lá ligando à Rota Sul, que segue pelo Cais José Estelita e Avenida Boa Viagem, até o Parque de Dona Lindu, num circuito de 22 quilômetros. Nas lojas o faturamento não aumentou apenas nas vendas. A parte de serviços também ficou lotada. “O pessoal está tirando a bike da garagem e colocando na revisão”, salienta o comerciante. Dependendo do local, uma revisão da bicicleta que inclui lubrificação, limpeza e regulagem é um serviço que custa entre R$ 20 e R$ 50.
“Só falta ciclofaixa na Avenida Norte”, reclama Ferreira Júnior. Boa parte de seu público consumidor são os moradores das redondezas de Casa Amarela, um público fiel ao modelo de transporte mais barato e saudável. Na loja, que tem bicicletas com valores de até R$ 15 mil, as chamadas siris, as bicicletas de passeio mais baratas, em torno de R$ 300, são responsáveis pela maior parte de seu movimento. “Num sábado de bom movimento vendemos 30 delas”, conta.
Apesar do apelo cada vez maior das bicicletas, nas lojas especializadas em modelos de maior performance, a abertura da ciclofaixa móvel não alterou seu movimento. Esses pontos estão consolidados há anos e experimentam demanda crescente há quase duas décadas. Para o comerciante do segmento há 23 anos Carlos Henrique Giese, da Rota da Natureza, no Pina, o boom se deu no final da década de 90, com a estabilização da economia e abertura de mercado para modelos top de linha produzidos no exterior. “Foi nessa época que surgiu a hoje extinta Sundown, foi quando a Caloi se recuperou e entrou novas empresas no mercado. É dessa época que se difundiu ainda mais a ideia da ecologia, do meio de transporte não poluente, dos benefícios físicos e mentais, dentro da cultura do No Stress. O que vemos hoje é consequência disso”, opina.
Para Giese, que já tem seu mercado consolidado, movimentos como o das ciclofaixas móveis ainda não surtiram efeito e é encarado como um movimento sazonal. “Já tenho meu crescimento estabilizado e a ciclovia aos domingos para mim é um efeito de sazonalidade, e não como um movimento perene. Podemos compará-lo ao Dia das Crianças e o Natal, quando as vendas de modelos infantis batem no teto”.
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