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sábado, 27 de julho de 2019

Não sei pedalar, que vergonha!

Entenda porque não saber pedalar é um paradigma cercado por um sistema de crenças sobre as capacidades e habilidades individuais, diferente de não saber jogar tênis, praticar parkour ou windsurfe, por exemplo.

Foto: ©Michaeljung / ©Depositphotos
“É uma vergonha, meu filho não sabe andar de bicicleta sem rodinhas”. Essa é a frase mais comum que ouço de diversas mães e pais de crianças entre três e 11 anos, desde que fundei a Escola de Bicicleta Ciclofemini, há quatro anos. Se o filho for adolescente a vergonha é ainda maior, e se for adulto, nem se fala!

Em torno da bicicleta há um sistema de crenças muito forte que acabam por definir e se fundir com as crenças sobre as capacidades e habilidades da própria pessoa que não sabe pedalar. O sistema reúne crenças e valores compartilhados por uma determinada cultura, que definem sistematicamente um modo de perceber o mundo social, cultural, físico e psicológico. As crenças nada mais são do que opiniões adotadas com fé e convicção a respeito de algo, e os valores são as normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos por indivíduo, classe, sociedade etc.

Crer que exista uma idade específica para aprender a pedalar, e que este aprendizado deva se dar na mais tenra idade é uma crença limitante. As crenças limitantes são resultados de interpretações negativas das experiências que vivemos. No momento em que nos identificamos com uma situação ou modelo, nossas decisões sofrem influências daquele padrão, impedindo a mudança de paradigmas. Por mais que achemos que presenciamos a realidade, ela é constituída através do nosso sistema de crenças e valores. A realidade em si é percebida através das informações que obtivemos durante nossa trajetória de vida.

Por motivos culturais e tradição, formou-se a crença de que o aprendizado da pilotagem da bicicleta deva se dar na infância e o mais cedo possível. Esta “verdade” nada mais é do que um paradigma.

Crianças, adolescentes e adultos que não sabem pedalar, vivem com a crença de que deveriam em algum momento ter aprendido a pedalar, e o pior, como não sabem, sentem-se totalmente inadequados, incapazes, inábeis. Estas pessoas creem fortemente que não têm a capacidade necessária para aprender a pedalar, que não têm equilíbrio. Alguns escondem a vergonha de não saber pedalar, dizendo simplesmente que não gostam de andar de bicicleta, que não têm interesse.

A criação dos pais insere crenças e valores aos filhos. Sofremos condicionamentos desde a infância por parte dos pais, com o método de educação ensinada com base nas suas próprias experiências de vida.  Isso é natural e inevitável, pois eles querem transmitir o que julgam correto na visão de suas crenças. Muitas vezes os pais criam seus filhos baseados no medo, ameaça, e com crenças limitantes em relação a vários fatores na vida. A distorção é criada a partir da identificação com essas informações vivenciadas.

Quando os pais dizem que é uma vergonha que o filho não saiba andar de bicicleta sem rodinhas, isto também é um paradigma criado por alguém, em algum momento da vida após a criação da bicicleta.

É comum ouvir dos pais que o(a) filho(a) não tem capacidade, que tem muita dificuldade, que não tem habilidade, equilíbrio, entre outras características, simplesmente porque o filho ainda não aprendeu a pedalar sem rodinhas. A criança, ao ouvir que não tem tais capacidades, acaba por aceitar, e é criado o que chamamos de profecia autorrealizável, expressão cunhada pelo sociólogo Robert K. Merton, que elaborou o conceito. A profecia autorrealizável é um prognóstico que, ao se tornar uma crença, provoca a sua própria concretização. Quando as pessoas esperam ou acreditam que algo acontecerá, agem como se a profecia ou previsão já fosse real, e assim a previsão acaba por se realizar efetivamente. Ou seja, ao ser assumida como verdadeira, – embora seja falsa – uma previsão pode influenciar o comportamento das pessoas, seja por medo ou por confusão lógica, de modo que a reação delas acaba por tornar a profecia real.

Se você diz que seu filho não tem vontade ou capacidade, ele certamente passará a operar dentro desta crença. A profecia autorrealizável é, no início, uma definição falsa da situação, que suscita um novo comportamento e assim faz com que a concepção originalmente falsa se torne verdadeira.

Muitos pais obrigam seus filhos a aprenderem a andar de bicicleta sem rodinhas, crendo que estes estão na idade ou já passaram da idade de fazê-lo. Alguns pais não têm a cultura de pedalar, não têm bicicleta, mas exigem do filho que aprenda a pedalar. O filho fica confuso, sente-se obrigado a aprender algo com o qual até então não se identificava, e muitos têm certeza de que não irão aprender, porque de antemão ouviram dos pais que já são muito velhos para aprender, passaram da idade ou que não têm as habilidades necessárias.

Pergunto: o mesmo sentimento se daria se trocássemos o aprendizado de pedalar uma bicicleta por jogar tênis, andar de skate, andar de patins, praticar parkour, esgrima, windsurfe, entre outros? Provavelmente não! Mas porque com a bicicleta é diferente? Simplesmente porque o pedalar está inserido em um sistema de crenças.

Cabe aos pais quebrarem o paradigma. Ao desejar que o filho aprenda a andar de bicicleta, trate do assunto de maneira positiva, motivadora. Fale a respeito dos benefícios de aprender a pedalar, do seu desejo de pedalar junto com o filho, dos passeios que farão juntos, das bicicletas novas que comprarão. Não coloque o aprendizado de pedalar como algo negativo, imperativo, uma obrigação pela vergonha que sente, atrelando algo tão prazeroso que é pedalar a um ato negativo de imposição. Seja um agente de mudança, faça do aprendizado de bicicleta um marco, uma verdadeira dádiva devido aos benefícios que terão juntos.

Dicas
1 – Não existe idade certa para aprender a andar de bicicleta. Em qualquer idade se aprende a pedalar.

2 – Crianças não aprendem mais fácil que adultos. Ambos aprendem da mesma forma e no mesmo tempo.

3 – Cultive a cultura familiar de participar de atividades esportivas juntos. Ande de bicicleta com frequência para incentivar seu filho, de modo que ele queira estar junto com você. Dê o exemplo.

4 – Não coloque o aprendizado de bicicleta de forma impositiva porque o filho “já passou da idade”, porque precisa emagrecer, porque os amigos sabem e ele não.

5 – Mostre que pedalar é tão divertido ou mais que outras atividades físicas. Saia para pedalar com seu filho, leve-o na cadeirinha, no trailer, na bicicleta de engate, no triciclo, da forma como for conveniente e mais fácil para que o deslocamento de ambos seja harmonioso e prazeroso.

Fonte: Ciclofemini
Por Claudia Franco

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Tá Frio?? O que fazer para pedalar?


Em algumas regiões do país, o frio pode ser bem intenso nessa época do ano. Além disso, nosso inverno pode ser chuvoso e úmido. Com um clima desses, pode ser um desafio sair com a bicicleta. Mas não desanime; você só precisa ser forte para dar o primeiro passo. Sair da cama cedo provavelmente é o mais difícil para a maioria. Depois disso, aos poucos, pedalar vai te esquentar, e, ao voltar para casa, você vai se sentir muito, muito melhor do que se tivesse ficado dormindo mais um pouquinho. Confira abaixo algumas dicas que amenizam o desconforto que o frio pode causar ao pedalar.

– Antes de pedalar, aqueça-se. O aquecimento te ajuda a terminar de acordar e diminui o risco de lesões. Faça quinze minutinhos de aquecimento e corra para fora, para o corpo não esfriar novamente.

– É bem raro lidar com temperaturas abaixo de zero aqui no Brasil. Então, por mais frio que esteja, você não precisa se encher de casacos para pedalar. Porque, se fizer isso, logo vai começar a transpirar, e o suor vai te deixar desconfortável. Então, continue usando roupas de ciclismo, só aumente o número de camadas. Elas são mais leves e finas, o que também vai facilitar a vida quando você resolver começar a tirar algumas peças. Se você sente bastante frio nas pernas, use pernitos.

– Cuidado na hora da retirada de camadas. Se você não domina a arte de fazer duas coisas ao mesmo tempo, pare a bicicleta em um lugar seguro para tirar uma blusa. Mas, se você consegue fazer isso pedalando ao mesmo tempo, sem problemas.

– Em dias com muito vento, use um corta-vento, em dias de chuva, use uma jaqueta impermeável.

– O rosto sofre bastante com o frio. Óculos de proteção protegem os olhos do vento. E mantenha sua cabeça quentinha com touca ou gorro. No pescoço, use uma bandana, que é algo mais leve, mas que esquenta também.

– Luvas são muito importantes, porque mãos congeladas limitam seus movimentos.

– No frio, o corpo gasta para pedalar e para se manter aquecido. Mantenha-se igualmente bem hidratado. Na verdade, a hidratação é essencial (mesmo!) em qualquer época do ano. Também, alimente-se bem com frutas e cereais, por exemplo, para manter o organismo equilibrado durante a atividade.

– Temperaturas muito baixas ou muito altas podem afetar alguns ajustes e engrenagens da bicicleta. Dê uma olhadinha nos freios, na corrente e nos cabos, tentando identificar algum barulho estranho que indique alguma desregulagem. Outra dica é diminuir um pouquinho a pressão dos pneus, para ter um pedal mais confortável.

– Se você optar por parar no caminho, para tomar um café, por exemplo, não exagere no tempo. É bom não demorar demais nas pausas, senão pode vir aquela vontade incontrolável de chamar um táxi para voltar para casa.


É um pouco mais difícil? É. Exige mais preparo? Sim. Mas vai ser tão bom quanto. Ao final de uma pedalada no frio, compartilhe sua conquista com alguém. Mande uma foto, ou conte para a esposa, o marido, um amigo (a), sobre o desafio que você conseguiu vencer. Sua motivação vai subir lá em cima, e daqui a pouco, você nem vai mais se importar com o frio.

Dificuldade para encarar uma subida? Vai aqui algumas dicas para melhorar seu desempenho

É comum os bikers buscarem melhorar seu tempo em trechos longos de planos, mas onde realmente conseguimos tirar diferenças significativas são nas subidas. E o que você anda fazendo para melhorar seu tempo? Preparamos algumas dicas valiosas.


1. Pratique
Isso parece óbvio mas a única maneira de obter melhores resultados é sair por ai e encontrar subidas desafiadoras, acrescente quilometragem verticais em seus treinos, faça a subida e repita quantas vezes puder.

2. Referência
Encontre ciclistas escaladores e tente acompanhar eles, vai ser doloroso, você vai forçar muito no inicio para poder seguir seu ritmo, mas isso vai te ajudar a melhorar. Você também pode usar o Strava como referência e tentar conquistar aquele KOM, evoluindo dia após dia.

3. Relação de marchas
Use a relação de marchas compatível com a inclinação e atente para sua condição de força no momento em que entrar na subida, não fugindo de sua característica de pedalada.

4. Cadência
Não mude sua característica de cadência em subidas, o ideal é fazer o que costuma treinar. Se fugir do giro que está habituado pode levar a fadiga muscular devido à força ou ao ritmo respiratório devido ao alto giro.

5. Postura
Mantenha o tronco sempre na posição ideal de pedalar, não é comum a mudança na postura para subir, exceto se for uma inclinação absurda. Se a subida for de média a pouca inclinação e mesmo assim perceber que tem que mudar a posição no selim para mais força e conforto, procure um bike fit, possivelmente sua postura na magrela precisa de correção.

6. Respiração
A tendência quando estamos em esforço sub máximo é manter respiração curta. Nas subidas esse mecanismo pode comprometer o desempenho devido à pouca captação de oxigênio, levando a musculatura à exaustão. Tente entrar na subida com o batimento cardíaco o mais baixo possível, e estando dentro da ladeira, exercite respirações profundas. Puxe o ar o mais fundo possível lentamente e solte na mesma proporção. Repita algumas vezes, esse processo vai ajudar a baixar a frequência cardíaca.

7. Paciência
Por último um dos pontos mais importantes, a paciência. A escalada é difícil mas nós inconscientemente tornamos ela ainda pior. Saber dosar o esforço ao comprimento da subida é fundamental, não queira fazer força antes da hora, isto poderá te levar à exaustão e a quebrar antes do fim da meta. Na próxima subida que fizer relaxe, deixe seus braços leves e soltos, sem tencionar os ombros, tudo isso suga sua energia e dificulta sua respiração, deixe suas pernas trabalhar!


Leia com atenção e tente aplicar essas dicas em seus treinos!

Fonte: Casaramosbike

Dica Ciclo Mania: ONDE PEDALAR?

ONDE PEDALAR...


Os passeios ou calçadas são para os pedestres. Se estiver desmontado, empurrando a bicicleta, você se equipara em deveres e direitos ao pedestre. Você pode circular de (ver art.59) bicicleta no passeio, mas desde que autorizado pelo órgão com autoridade sobre a via.

Onde não houver ciclovias e ciclofaixas, desde que com baixo fluxo e velocidade de veículos motorizados, é possível circular de bicicleta na via em modo compartilhado com os demais veículos, desde que essas não sejam de alto fluxo e com alta velocidade regulamentada. Mas para isso é preciso ter muito cuidado e pedalar no mesmo sentido do fluxo à direita.

Pedalar na contramão é muito perigoso. Há outros ciclistas em sentido contrário, há os pedestres. Quando um ciclista cruza com outro na contramão, um dos dois precisa desviar e sair da trajetória, às vezes entrando na frente de outros veículos de forma abrupta.


Pedalar na contramão pega de surpresa motoristas e pedestres. Ninguém espera que haja alguém no fluxo inverso e isso aumenta o risco de acidente.

Controle emocional em situações de elevada pressão

Quando passei por situações de muita pressão, busquei informações para constatar o que eu já havia percebido na pele: o estresse e o desequilíbrio emocional afetam o nosso rendimento e é preciso aprender a gerir o nosso estado emocional.


As minhas duas participações na Brasil Ride, em 2011 e em 2012, deram-me um aprendizado muito profundo de como lidar com situações de elevada pressão.

Nas duas semanas que antecederam a competição tive problemas pessoais. Infelizmente minha mãe sofre de Alzheimer e tive que lidar com diversos problemas decorrentes desta enfermidade que assola não somente a pessoa enferma, mas todos os membros da família diretamente envolvidos com os cuidados do paciente. Além disto, tive um acúmulo de trabalho, deixando-me fisicamente desgastada.

Já em Mucugê-BA, no segundo dia da prova, o mais longo, acordei com dor de dente. Fiquei extremamente apreensiva. Estava na dúvida entre falar com o meu parceiro ou não. Optei por não falar para não deixá-lo apreensivo. Sabia que o segundo dia era o mais difícil e determinante para manter-se livre de cortes e com possibilidade de ganhar a camiseta de “finisher”.

No percurso da segunda etapa, quando cheguei ao portal de entrada do famoso “Vietnam”, meu dente doía insuportavelmente, consequentemente meu desempenho começou a cair. Apesar de estarmos com 20 minutos de vantagem, o tempo foi consumido facilmente durante o percurso e infelizmente chegamos ao último ponto de corte acima do tempo limite. (Deve- se entrar no “Vietnam” com o máximo de tempo extra.). Certamente o problema com o meu dente deu-se devido à queda de resistência provocada pelo estresse das semanas anteriores, associado ao esforço físico, calor extremo, a própria competição, no desejo e no sentimento de obrigação de completar todas as etapas e conseguir a camiseta de finalista.

Depois de conseguir tratamento dentário e um pouco mais conformada, comecei a observar o comportamento de diversos atletas. Percebi que o fator emocional, mais que o preparo físico, foi crucial para o insucesso de muitos deles. O abatimento e a frustração de não completar uma etapa da prova assolou o emocional de muitos, parecendo que todo o esforço feito até o momento tinha sido em vão. A prática esportiva demanda cada vez mais dos atletas resultados expressivos, a pressão é imensa e expõe em demasia os atletas socialmente. Senti isto na pele. Tentava fugir da famosa pergunta: “E aí, completou?”

No segundo dia, dos 143,56 km, pedalei 125 km, passando pelo Vietnam, e confesso que ao final do dia me sentia incompetente ou despreparada, me esquecendo da dor infernal do dente e que a mesma me causou a queda de desempenho.

No momento do estresse, turbilhões de pensamentos passam pela cabeça. Perguntas, acusações e culpas, tudo ao mesmo tempo. Os pensamentos negativos vão minando cada momento vivido. Nos dias posteriores tratei de equilibrar o meu emocional e passei a positivar meus sentimentos. Trabalhei mentalmente o meu autorreconhecimento, trouxe à memória todo o trabalho que desenvolvi para conseguir chegar àquela competição que é temida e desejada por “mountain bikers” no mundo inteiro.

Esta experiência me inspirou a pesquisar sobre o assunto e compartilho com vocês informações importantes de estudos realizados pelos doutores em Psicologia: Valentina D’Urso, Richard S. Lazarus, Mark Anshel e George. S. Barbosa.

Estresse x Rendimento
O estresse torna-se um dos fatores principais na falta da obtenção do rendimento máximo em situações competitivas. Uma competição importante produz sempre excitação aumentada, ansiedade e tensão, e é comum o surgimento de emoções que desviam os processos cognitivos daquilo que importa para a alta performance.

Além da pressão competitiva propriamente dita, o atleta ainda experimenta erros técnicos, erros táticos, erros dos colegas de equipe, táticas dos oponentes e decisões dos árbitros com as quais têm de saber lidar. Estes fatores concorrem para que os atletas quebrem sob pressão, algo que é comum mesmo com ciclistas de elite.

O desequilíbrio emocional é um tormento há vários anos para muitos atletas. Não basta saber lutar, nadar, saltar bem, pedalar bem. O controle emocional é decisivo quando o atleta está diante de adversários competentes e sabe que milésimos de segundo a menos, ou uma jogada diferente a mais, colocarão, ou não, o seu nome na história.

Resiliência Psicológica
A resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse etc. – sem entrar em surto psicológico. A resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades.

Gestão do estado emocional
A gestão do estado emocional assume importância decisiva, pois as emoções experimentadas antes, durante e após a competição podem influenciar determinantemente os feitos presentes e futuros dos atletas. É importante observar a importância do conteúdo qualitativo das emoções e sua intensidade. A mesma emoção pode ser percebida como positiva por um atleta e negativa por outro, dependendo das associações que os atletas a ela atribuem, da avaliação da significância pessoal da situação.


  • A percepção de controle é fundamental para a gestão das emoções.
  • As emoções pré-competitivas são importantes, mas não suficientes para lidar com o inesperado, na competição. Lidar com o esperado, mas, sobretudo, com o inesperado, é fundamental para um atleta em situação competitiva.

O estresse pode ocorrer associado a emoções negativas, mas também a emoções positivas, tendo a ansiedade como uma das manifestações mais conhecidas. A interpretação da percepção da intensidade e controle sobre a situação influenciam a forma como cada indivíduo lida com o estresse. A ansiedade é uma resposta a uma ameaça percebida, associada a uma incerteza relativamente ao que irá suceder. Pode ter um efeito facilitador ou inibidor da performance, dependendo da forma como o atleta interpreta os seus sintomas e, novamente, da sua percepção de controle sobre os acontecimentos.

Antes da competição, o ideal será que o atleta experimente níveis de ansiedade dentro da sua zona ótima de funcionamento. Uma ansiedade demasiada baixa pode gerar um relaxamento excessivo e até um descomprometimento com a atividade, prejudicando a performance. Uma elevada ansiedade cognitiva permite elevadas performances, quando associada com reduzida excitação fisiológica. Em casos de elevada ansiedade cognitiva, a partir de um limiar de excitação fisiológica, atinge-se um ponto crítico, resultante numa alteração radical do comportamento, induzindo à quebra acentuada de performance (modelo da catástrofe).

A autoconfiança ajuda os atletas a gerirem elevados níveis de ansiedade cognitiva, pois aumentam a sua percepção de controle e, consequentemente, as suas expectativas de alcançar os objetivos estabelecidos. Ou seja, a autoconfiança não parece reduzir a ansiedade cognitiva, mas ajuda a lidar com ela. Os indivíduos com baixa autoconfiança tendem a encarar a ansiedade como debilitadora da performance. Esse aspecto poderá ser camuflado em situação de treino, mas tende a surgir na competição, sendo estes indivíduos altamente sensíveis a qualquer percepção de ameaça.

Estratégias para lidar com elevada pressão
Na véspera de um evento importante, os atletas devem tentar esvaziar a sua mente e/ou pensarem em coisas agradáveis não relacionadas com ele. Além disto, deve-se alongar os músculos enquanto deitado, e alternar contração e relaxamento de cada grupo muscular. Uma música suave de fundo pode ajudar. Cada atleta tem o seu estado ótimo de ativação. Assim, antes da competição, o treinador ou o próprio atleta terá de estimular uns, e relaxar outros. O atleta deve recorrer a pensamentos positivos, baseados em imagens de sucesso do passado, recordando-se, inclusive, das sensações físicas e psíquicas sentidas nesses momentos, algo que também pode ser utilizado durante a competição.

O diálogo interno, ou autoconversa, é uma estratégia recorrentemente utilizada pelos atletas para controlar os pensamentos e estado de humor. A autoconversa deve ser específica e positiva. O autodiálogo negativo durante a competição é potencialmente destrutivo. Não obstante, dentro de certos limites, a autoconversa negativa pode ter efeitos no aumento da concentração e na tentativa de evitar o erro. Todavia, a partir de um certo limiar isso pode quebrar a autoconfiança do atleta.

Uma estratégia eficaz para relaxar fisicamente é respirar profunda e pausadamente, sentindo os músculos no decorrer dessa ação, percebendo a alternância de tensão e relaxamento.

Estratégias de longo prazo
Administração de emoções: Refere-se à habilidade de se manter sereno diante de uma situação de estresse. Pessoas resilientes quanto a esse fator são capazes de utilizar as pistas que leem nas outras pessoas para reorientar o comportamento, promovendo a autorregulação. Quando essa habilidade é rudimentar, as pessoas encontram dificuldades em cultivar vínculos e, com frequência, desgastam no âmbito emocional aqueles com quem convivem em família ou no trabalho.

Controle dos impulsos: Um segundo fator é o controle de impulsos, que se refere à capacidade de regular a intensidade de seus impulsos no sistema neuromuscular (nervos e músculos). É a aprendizagem de não se levar impulsivamente pela experiência de uma emoção. As pessoas podem exercer um controle frouxo ou rígido do seu sistema muscular, visto que esse sistema está vinculado à regulação da intensidade das emoções. Dessa forma, a pessoa poderá viver uma emoção de forma exacerbada ou inibida. O controle de impulso garante a autorregulação dessas emoções ou a possibilidade de dar a devida força à vivência de emoções, tornando o grau de compreensão mais sensível e apurado mediante a situação.

Otimismo: Um terceiro fator é o otimismo, que ocorre na resiliência e crença de que as coisas podem mudar para melhor. Há um investimento contínuo de esperança e, por isso mesmo, a convicção da capacidade de controlar o destino da vida, mesmo quando o poder de decisão esteja fora das mãos.

Análise do ambiente: O quarto fator é a análise do ambiente. Trata-se da capacidade de identificar precisamente as causas dos problemas e das adversidades presentes no ambiente. Essa possibilidade habilita a pessoa a se colocar em um lugar mais seguro ao invés de se posicionar em situação de risco.

Empatia: A empatia é o quinto fator que constitui a resiliência, significando a capacidade que o ser humano tem de compreender os estados psicológicos dos outros, emoções e sentimentos, colocar-se no lugar do outro.

Autoeficácia: Refere-se à convicção de ser eficaz nas ações propostas.

Alcance de pessoas: É a capacidade que a pessoa tem de se vincular a outras pessoas para viabilizar soluções para intempéries da vida, sem receios e medo do fracasso.

MCDs – Modelos de Crenças Determinantes
De 2006 até agora, as pesquisas possibilitaram ampliar os entendimentos sobre a resiliência. É vista agora como o resultado de crenças determinantes que se organizam em blocos denominados modelos. Esses MCDs são estruturados desde a primeira infância. São crenças que se aglutinam quando vamos conhecendo/ aprendendo/ experimentando os fatos da vida com aqueles que nos cercam. Os MCDs são:

1. MCD de autocontrole – capacidade de se administrar emocionalmente diante do inesperado. É amadurecer no comportamento expresso, uma vez que será esse comportamento que irá ser lido pelas outras pessoas;

2. MCD de leitura corporal – capacidade de ler e organizar-se no sistema nervoso/muscular. É amadurecer no modo de lidar com as reações somáticas que surgem quando a tensão ou o estresse se tornam elevados;

3. MCD de otimismo para com a vida – capacidade de enxergar a vida com esperança, alegria e sonhos. É a maturidade de controlar o destino da vida, mesmo quando o poder de decisão está fora de suas mãos;

4. MCD de análise do ambiente – capacidade de identificar e perceber precisamente as causas, as relações e as implicações dos problemas, dos conflitos e das adversidades presentes no ambiente;

5. MCD de empatia – capacidade de evidenciar a habilidade de empatia, bom humor e de emitir mensagens que promovam interação e aproximação, conectividade e reciprocidade entre as pessoas;

6. MCD de autoconfiança – capacidade de ter convicção de ser eficaz nas ações propostas;

7. MCD de alcançar e manter pessoas – capacidade de se vincular às outras pessoas sem receios ou medo de fracasso, conectando-se para a formação de fortes redes de apoio e proteção;

8. MCD de sentido de vida – capacidade de entendimento de um propósito vital. Promove um enriquecimento do valor da vida, fortalecendo e capacitando a pessoa a preservar sua vida ao máximo.

Cada um dos MCDs desenvolve resiliência em uma área da vida e o leque de todos eles juntos contempla a vida de uma pessoa.

Reflexões finais
Os atletas são colocados perante desafios difíceis, que exigem regularmente performances nos limites das possibilidades individuais. Acresce a isso uma elevada exposição pública, com consequências para a imagem, enquanto atleta e enquanto pessoa.

A formação integral do atleta passa por capacitá-lo com estratégias de longo prazo, aliadas a estratégias de curto prazo, que lhe permitam lidar em situações de estresse com eficácia. Essas estratégias devem considerar a individualidade de cada um – o que serve para um atleta pode ser contraproducente para outro.

O atleta deve buscar ajuda e acompanhamento para que se torne capaz de lidar com as situações de elevada pressão que, falando a verdade, constituem a essência da competição, sobretudo quando existe um equilíbrio de valor entre os oponentes.

Fonte: Revista Bicicleta
Por Claudia Franco

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Faça seu próprio bikefit: Saiba a melhor postura para a bicicleta.

Para que se tenha uma melhor postura na bike, um melhor rendimento e também previnir possíveis e futuras lesões, segue algumas dicas à aqueles que pretendem otimizar ainda mais seu desempenho. Estudos publicados relatam que uma melhor postura e ajuste na bike pode aumentar em até 30% a performance do ciclista. Temos que ter cuidados, pois hoje há muitos programas de computador que prometem resolver seu problema, mas o incinveniente é que estes programas não levam em considereção o tamanho da bike, altura so selim e guidon, tamanho do pé de vela, dentre outros.

Uma bike mais ajustada a você, fará com que você previna lesões, tais como: tendinite patelar, fascíite plantar, tendinite da pata de ganso, fascíite plantar, lombalgias, dores nos ombros.

O que é o bikefit? - Nada mais é do que ajustar a bike em relação a posição do seu corpo.

Veja algumas dicas que vão fazer com que você tenha uma melhor adaptação do seu

corpo em relação com sua bike.


Teste 1: deitado no chão traça-se um anglo entre fêmur e o tronco.

Teste 2: joelho dobrado o mais próximo do peito.

Quanto de flexibilidade o ciclista tem no momento da pedalada? - Tendão patelar tem que estar alinhado com o metatarso (um pouco antes das pontas dos dedos ) e, consequentemente, na mesma linha do eixo do pedal.

Teste 3: Com o ciclista montado sobre a bike com ambos os pés clipados nos pedais, uma das pernas deve ficar com o pedal bem paralelo ao solo.

O ângulo formado entre o fêmur, a fíbula e a tíbia é analisado. Para um ciclista que gira bastante os pedais (spinner), esse ângulo vai ficar ao redor dos 35 graus. Já para quem pedala mais travado (smasher), um ângulo de 25º é o ideal. Esses ângulos são alterados, mexendo-se cuidadosamente na altura do selim.

Teste 4: Tendão patelar fique alinhado com o metatarso e, consequentemente, na mesma linha do eixo do pedal.

Mas atenção, ângulo entre fêmur e tronco: menor que 60 graus.

Defeitos posturais na Bike

- Selim alto demais: faz com que a pedalada fica quebrada e perde eficiência. O ciclista rebola quando visto por trás.

- Selim baixo demais: Além de não produzir a energia ideal, um selim muito baixo pode acarretar lesões, pois recruta outros grupos musculares.

- Selim muito para frente: durante a pedalada o joelho passa da linha do eixo do pedal e pode provocar dores no tendão patelar.

- Selim muito para trás: Pode gerar dores na panturrilha, logo atrás do joelho.

- Taquinho muito para frente: haverá menos apoio na base do pé do ciclista. Fora do alinhamento do metatarso, há perda de força na pedalada.

- Taquinho muito para trás: A pedalada passa a ter como base o meio do pé e pode acarretar dores na sola.

- Taquinho aberto ou fechado: Pode acarretar lesões nos ligamentos cruzados posterior e anterior do joelhos. A maioria dos problemas de ligamento vem de um taquinho mal posicionado. Síndrome da Banda ílio Tibial.

Fotos: Artes Webventure