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domingo, 26 de abril de 2015

Líquido Selante - O Guardião do Ar dos Pneus

Foto: Scott Divulgação
Existem pneus que se tornaram famosos por terem aderência, resistência ou durabilidade. E também existem aqueles famosos por furarem com facilidade. Independente de pneu, todo ciclista está à mercê de um indesejável furo, e consequentemente, da chata tarefa de trocar o pneu. Isso exige ferramentas, peças, tempo e muita paciência.

Aparentemente, a melhor solução seria criar um pneu ‘infurável’. Houve várias tentativas, e até existem pneus absurdamente resistentes. Mas isso implica em pneus pesados ou muito duros – e a velha regra deixa bem claro: quanto mais mole o pneu, mais aderência. Quanto mais leve, melhor a rolagem.

A solução vem de dentro

Não encontramos informações precisas sobre quem inventou o líquido selante e quando fez isso. Mas um belo dia, alguém que provavelmente se incomodava muito com furos percebeu que o problema não eram os furos. O problema era deixar o ar vazar! Parece contraditório... mas é isso mesmo: furos, sim. Vazamentos não!

O líquido selante é, como o nome diz, um líquido que sela o pneu por dentro contra pequenos vazamentos. O princípio é bem simples: um líquido espesso, denso, composto de fibras e adesivos, que com a rotação da roda, se espalha e forma uma fina camada por todo o interior do pneu. Assim que algo perfura o pneu, a reação inicial é o vazamento do ar sob pressão. Mas como o líquido está entre o ar e o pneu, o ar acaba empurrando o líquido para dentro do furo. E como é denso e grudento, ele acaba ‘entupindo’ o furo e impedindo o vazamento de ar. É como se houvesse um remendo líquido correndo dentro do pneu, pronto para parar vazamentos.

Isso serve para pequenos furos e cortes leves. Se você passar por cima de uma espada medieval com a bike, obviamente o selante não vai conseguir cobrir toda a área cortada e a pressão do ar será perdida. Mas como boa parte dos furos são causados por pequenos objetos – cacos de vidro, espinhos e pregos na maioria das vezes – o selante dá conta do recado. Enquanto os furos forem pequenos, o selante protegerá o pneu mesmo que hajam centenas e centenas de furos.

Os ciclistas que gostam de um passeio ou treino longo, cicloturistas e outras pessoas se beneficiam muito de passar meses sem vazamentos de ar. É claro que tudo que é bom não dura para sempre. Os líquidos selantes possuem validade e precisam ser trocados ou reabastecidos depois de um tempo, pois perdem características essenciais, como viscosidade e aderência.

Posologia

Cada modalidade do ciclismo possui seus próprios pneus. Grossos, finos, com poucas ou muitas garras, com 30 ou 110 libras de pressão... Obviamente, cada um desses tipos de pneu recebe uma quantidade diferente de selante, ou, um tipo diferente de selante. Imagine, por exemplo, se a mesma quantidade e tipo de selante de um pneu fino de speed poderia cobrir e proteger o interior de um pneu 29” grosso de mountain bike?

Para cada tamanho existe uma quantidade recomendada de líquido selante, mas isso varia conforme marca e modelo do selante. Pneus speed usam em média 30-50 ml por roda, já pneus de MTB usam de 80-150ml por roda. No MTB a quantidade varia muito pois os tamanhos de roda vão de 26” à 29”, além do tamanho do pneu, que pode variar de 1,5” até 2,8”.

Nota: a maioria dos selantes são feitos para pneus tubeless. Existem selantes específicos para câmaras de ar. Isso não quer dizer que nenhum selante tubeless funcionará em uma câmara de ar, mas é importante lembrar disso na hora de comprar ou trocar seu selante, caso contrário ele pode ser dinheiro jogado fora.

Para pneus tubeless o selante é indispensável. Senão, cada furinho resultaria na colocação de uma câmara ou a troca do pneu inteiro, e eles não costumam ser muito baratos.

O prazo de validade dos selantes varia, começando em 2 meses e chegando a vários meses em outros modelos. Um teste rápido e prático é balançar o pneu (se tiver sido colocada a quantidade adequada de selante nele). Se você conseguir ouvir o barulho do selante, tudo bem. Se o barulho começar a diminuir ou desaparecer, está na hora da troca ou reabastecimento.

Vacinando o pneu


De alguma maneira, o selante tem que entrar dentro do pneu ou da câmara. É possível usar uma seringa e injetar no pneu como se fosse uma vacina, afinal de contas, ele irá vedar o furo depois. Mas o líquido é muito espesso e possui partículas de borracha e outros materiais que entopem a seringa e a agulha, o que exige uma agulha grossa, que poderia causar um furo que o selante não conseguiria vedar. É necessário achar a agulha mais fina possível, desde que ela não entupa com o líquido. Como esse método possui um certo ‘risco’, vamos analisar outros métodos.

No caso dos tubeless, o liquido é derramado dentro de pneu. Basta abrir uma fresta entre aro e pneu com espátulas e derramar o líquido. Simples assim!



Já no caso dos pneus com câmara, é necessário injetar o liquido através do bico da câmara. Para isso o núcleo da válvula deve ser removida, seja Presta (fina) ou Schrader (grossa). No caso da Presta com válvula removível, basta rosquear a ponta e removê-la. Já a válvula Schrader necessita de uma ferramenta para remoção. O líquido é injetado com a ajuda de uma mangueira, bombeada por uma seringa ou frasco. Lembre-se que existem selantes específicos para uso com câmaras, mas os comuns também podem funcionar.


Quando se trata de uma Presta com núcleo da válvula não-removível, pode-se injetar o líquido com um selante que tenha frasco com bico longo e cônico. Esse bico pode ser cortado e usado para ‘envolver’ a válvula Presta aberta, como o bico da bomba de encher pneu faz. Então, é só apertar. Existe também um método que consiste em remover a trava da válvula e empurrá-la para dentro da câmara, prende-la com um grampo, injetar o líquido e recolocá-la no lugar. Há, porém, o risco da válvula resolver dar uma voltinha dentro câmara, o que pode tornar incômodo para recolocá-la no lugar.

Um frasco com bico bem pensado também pode ser de ajuda. Alguns selantes já trazem uma pequena peça que remove o núcleo das válvulas Schrader e Presta. Se o bico for cônico, praticamente qualquer tipo de câmara e pneu pode receber a injeção.

Escolha bem

Como em praticamente todo tipo de produto, existem selantes que funcionam bem e outros que deixam a desejar. É comum que ciclistas se enganem na hora de comprar seus selantes, por isso a primeira dica é ficar bem atento ao tipo de selante que você precisa.


Depois de definir qual o tipo de selante, é recomendável pesquisar marcas e modelos conforme a necessidade. A internet é uma das melhores ferramentas para isso. Em blogs e fóruns podem ser encontrados relatos de quais selantes funcionam, quais não... e com isso você terá uma base para definir a marca e modelo do selante que usará.

Um dos selantes mais bem avaliados é Stan´s No Tubes! Já o Joe´s No Flats! Possui vários modelos, dos quais o mais bem avaliado é o Elite Racers. Há também o CafféLatex da empresa italiana Effeto Mariposa, um selante diferente que cria uma espuma dentro do pneu, causando uma área de cobertura igual em todas as partes, tendo, porém, a desvantagem de demorar mais para selar os furos. A alemã Continental também está presente no mercado com o Revo Sealant. Também estão no mercado Rubena, Oko-Extreme, Zéfal, Mavic, Michelin, Sludge, WTB e Kombat. E não poderia ficar de fora o Slime, selante verde que não se incomoda com gás CO2 (muitos selantes perdem eficiência ao entrar em contato com esse gás) e continua vedando muito bem por vários e vários meses.

Algumas marcas como Zéfal, Slime, Michelin e Hutchinson contam com selantes aerossóis, que são facilmente injetados por pressão, úteis para quem precisa de uma carga rápida, como competidores durante provas. Esses selantes não só reparam os pneus, mas também o inflam recuperando perdas de pressão.

Fita anti-furo

Existem outros meios de evitar problemas com o pneu. Muitas pessoas optam pela fita anti-furo, uma fita casca grossa que resiste muito bem a pequenos objetos, impedindo que o pneu fure. Por isso muitos se perguntam: fita anti-furo ou líquido selante?

Essa pergunta não tem resposta definida, pois os dois produtos agem de formas diferentes, e obviamente, geram resultados diferentes. Por exemplo: Uma fita anti-furo irá impedir boa parte dos furos, mas se algo como um prego comprido a traspassar, o ar vazará. Já o selante conseguiria vedar o furo do prego. Por outro lado, se o objeto for uma pequena lâmina, a fita anti-furo poderá resistir a ela e evitar o corte. Já o selante não conseguirá impedir o vazamento de ar, pois se trata de um corte maior.

Entendeu a diferença? O selante, por assim dizer, funciona com furos. Já a fita impede os furos. Com cortes a história é outra...

É importante analisar qual opção se encaixa melhor para você. Antes de tudo, priorize a compra de um bom pneu e calibre-o na pressão correta, indicada pelo fabricante na lateral do pneu. Depois decida se no seu caso será necessária mais proteção e qual tipo será mais apropriada.

Compensa?

Sim, compensa! Como dito, para pequenos danos, mas eles são a maioria. Lembre-se que no caso do selante, seu pneu vai furar, mas você nem sequer perceberá.
Para os aficionados por peso talvez a proteção pareça dispensável. Mas pense bem: quem quer o mínimo possível de peso faz isso para conseguir o melhor tempo. Porém, você perderá muito mais tempo trocando e enchendo um pneu do que com algumas gramas a mais de peso para levar. Selantes costumam ter um pouco mais de 1g por ml.

Outra questão que talvez venha na mente seja o preço. Mas selantes não são caros. Fitas anti-furo são um pouco mais baratas. Pode-se encontrar selante suficiente para os pneus da sua bike em torno de R$ 60,00, o que não é lá nenhuma bala de troco, mas que vai sair mais barato do que trocar a câmara frequentemente. E obviamente, com muito menos incômodo.

Selantes e fitas anti-furo são investimentos no qual todo ciclista deve considerar, principalmente quem não pode parar no meio do caminho. Seja prego, vidro, espinho... proteção nos pneus e pedal pra frente!

Vídeos e tutoriais de montagem:

Pneu Tubeless​



Fonte: Revista Bicicleta por Pietro Battisti Petris

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