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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Certificação compulsória poderá melhorar qualidade das bikes nos país, mas também elevará os preços


A partir do dia 17 de junho de 2014, nove categorias de componente para bicicletas deverão estar certificadas em conformidade com as normas do Inmetro para continuarem a venda no Brasil. A novidade veio com a portaria 656, emitida pelo órgão em dezembro de 2012, e deve causar mudanças no mercado. Espera-se que a chamada certificação compulsória eleve a qualidade dos produtos no país, mas o preço destas peças deve subir em um primeiro momento.

Entre os itens que entram nesse pacote, está o conjunto de quadro e garfo, cordoalha (cabo de aço utilizado no sistema de freio e câmbio), conjunto de freio, pedal e pedivela, guidão e mesa, câmaras de ar, aro, raio e niple (peça que prende o raio no aro).

Todos os entrevistados pelo Webventure se mostraram favoráveis à certificação, mas eles apresentaram diversos pontos negativos e positivos em relação à nova regulamentação.

Prós -  Entre os principais benefícios esperados com essa medida, está o nivelamento do mercado por um nível mais alto de qualidade nos produtos. Segundo o diretor da Proshock, César Tonolli, “acreditamos que, de uma maneira geral, o mercado de bicicleta como um todo vai ser privilegiado por essa questão. A tendência é que se tenha mais segurança, com uma concorrência mais bem alinhada”.

Para ele, o número de problemas relacionados às peças de bicicletas diminuirá com a nova certificação. “Hoje temos diversos casos de acidentes que acontecem com produtos de má qualidade no nosso seguimento, que são vendidos a preços muito baixos, principalmente de origem asiática”, explica.

O gerente de importação da distribuidora Julio Andó, Márcio Yasumitsu, concorda com os benefícios da certificação e padronização para os componentes das bikes. “Hoje nós não temos certificação para a maioria dos itens, mas como a bicicleta é um meio de transporte, deveria ter essa regra há muito tempo, por segurança”, avalia.

Segundo o responsável pelo grupo de trabalho sobre certificação da Aliança Bike, Daniel Bender, que agrega diversos fabricantes do setor, a entidade “espera que, com a certificação compulsória, o comércio e a importação ilegal de peças e acessórios sejam inibidos pelos órgãos competentes, fazendo valer as empresas honestas que serão obrigadas a certificar, que pagam os impostos e geram empregos”.

Contras - Apesar da garantia de qualidade, o consumidor terá que arcar com os custos da nova certificação, ao menos em um primeiro momento. “Os itens que já são considerados top de linha possivelmente terão os preços encarecidos em curto prazo”, explica Tonolli, da Proshock. “Não tem como averiguar agora, mas tem um custo para certificar o produto: precisa de ensaio de laboratório, um OCP, que é um órgão intermediário entre o Inmetro e o laboratório, e tudo isso, evidentemente, gera um custo”, acrescentou.

Para o responsável pela certificação da Aliança Bike “vale lembrar que o Brasil não tem indústria para o mercado high end (alta performance) de componentes de bicicleta. Como os melhores fornecedores desses produtos estão em Taiwan/China, a importação é a única maneira de se ter o produto à disposição do consumidor brasileiro. Muitos desses produtos serão inviabilizados pela certificação”.

Ele também acha que a certificação poderá acabar com pequenas empresas que hoje trabalham em segmentos especializados e menores. “Nosso mercado é altamente pulverizado e aqui o que vale é a escala e não a origem do produto”, completa.

Incertezas. Conforme mencionou Bender, outra possibilidade que surge com a certificação compulsória é o fim de algumas marcas e empresas no país. Entretanto, para o gerente de vendas da Shimano no Brasil, Daniel Oliveira, esse ainda não é um ponto muito claro.

“Pelo custo que haverá, acreditamos que algumas marcas menores terão mais dificuldades em colocar seus produtos em nosso mercado, porém as empresas sérias e com boa representação no país certamente se adequarão e continuarão a ofertar seus artigos”, explicou.

A opinião de César Tonolli vai nesse sentido quando ele afirma que “os itens mais simples, muitas vezes trazidos por importadores, têm a tendência de não passarem na certificação, e nesse caso eles devem melhorar a qualidade para continuar no país, ou então há a possibilidade de deixarmos de trabalhar com eles”.

Segundo Yasumitsu, “o pessoal que já trabalha com a bicicleta intermediária ou high end já está acostumado com a certificação internacional e isso não vai assustá-los”.

História. A fabricação de bicicletas infantis já é regulamentada pelo Inmetro desde 2005, mas os componentes para bikes de uso adulto só começaram a receber atenção do órgão em 2009, quando os primeiros itens do segmento receberam uma certificação.

Em março de 2012, o Inmetro anunciou uma portaria com a primeira regulamentação geral para os componentes de bicicletas, abarcando e atualizando todas as regras já existentes para o segmento. Depois disso, aconteceram diversos debates antes de chegarem ao documento atual.

“O processo foi muito longo, trabalhoso e ainda continua”, contou o gerente da Shimano. “Juntamente com a Aliança Bike e Abradibi (associações de nosso setor), estivemos em algumas oportunidades na sede do Inmetro, no Rio de Janeiro, para compartilhar um pouco de informação e experiência com eles a fim de darmos alguma contribuição no processo, uma vez que não havia nenhuma possibilidade da certificação desses produtos não ser requerida”, completou.

A principal modificação ficou no tempo para implementar a certificação, que estava estipulado em seis meses para adequação dos fabricantes e importadores, 12 para a comercialização aos lojistas e 40 meses ao consumidor final. Com a intervenção da Aliança Bike, os prazos foram alterados para 6, 12 e 36 meses, consecutivamente.

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