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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Sedentarismo e hipertensão matam mais que tabagismo

Condições estão relacionadas ao estilo de vida nas grandes cidades. Soluções para melhorar o ambiente urbano - e a saúde dos brasileiros - estarão em discussão na conferência Fit Cities São Paulo, agendada para 16 de abril, na Biblioteca Brasiliana, USP

A obesidade é a principal responsável pela hipertensão, entre outras enfermidades
Foto: Divulgação
A saúde da população das grandes cidades brasileiras é um reflexo do estilo de vida urbano, da mesma forma que em outros centros urbanos do mundo. Muitas horas sentado, seja trabalhando ou no carro, pouca ou nenhuma atividade física, fadiga do dia-a-dia e noites mal dormidas. Quando os sintomas desta vida urbana aparecem, com eles surgem muitas perguntas, como por exemplo: de onde vem tanto cansaço se estamos nos mexendo cada vez menos?

As grandes cidades - espalhadas, divididas e caóticas- são o cenário onde os habitantes vivem de forma cada vez mais sedentária. The Heart and Stroke Foundation do Canadá, publicou em 2004 uma pesquisa mostrando que a cada quilômetro adicional de caminhada por dia, a tendência em se tornar obeso reduzem em 5%, e cada hora por dia gasta em um carro aumenta a probabilidade de se tornar um obeso em 6%. A obesidade é a principal responsável pela hipertensão, entre outras enfermidades, e por isso a The Heart and Stroke Foundation alerta "A gordura é o novo tabaco".

Os maus hábitos com a saúde são preocupantes, mas um elemento crucial merece mais atenção da sociedade em geral: o espaço público. Muitas vezes, a falta de entusiasmo com uma vida mais ativa, como caminhar mais em nossos deslocamentos diários ou optar pela bicicleta, é fruto de lugares pouco convidativos, mal desenhados e construídos. Fica cada vez mais evidente como o espaço público é mal concebido e subestimado, como se este não tivesse tamanha influência sobre os cidadãos, suas atitudes e escolhas.

"Nós moldamos a cidade e a cidade nos molda."

A frase já replicada por muitos estudiosos, desde o geógrafo David Harvey ao arquiteto e urbanista Jan Gehl, explica essa relação direta entre o meio e a atitude dos cidadãos. O Fit Cities São Paulo, evento promovido pela entidade Cidade Ativa e pelo USP Cidades, terá o objetivo de discutir a forma da cidade e os estímulos que podem gerar escolhas mais saudáveis, que estimulem as pessoas a tornarem-se mais ativas e dispostas.

Se nos séculos XIX e XX as doenças infecciosas foram combatidas por reformas urbanas que garantiam a instalação de infraestrutura de saneamento, maior ventilação e insolação de edifícios, as doenças de desequilíbrio energético do século XXI podem também ser prevenidas e controladas por um novo modelo de planejamento, de desenho urbano e arquitetura que sigam as estratégias discutidas pelo movimento Active Design, diretrizes por uma cidade mais ativa e saudável.

Novas políticas de uso do solo, de habitação, de mobilidade, de planejamento de espaços livres para recreação e prática de esportes e de acesso à alimentação saudável - entre outras - podem ajudar a transformar o ambiente urbano. Ao privilegiar o transporte individual, a proliferação de condomínios fechados e bairros murados, distantes dos centros de trabalho, comércio e serviços, ficaram em segundo plano as calçadas, a criação de parques, praças e áreas de recreação. "O Cidade Ativa acredita que esse cenário pode e deve ser revertido e que um novo modelo para as cidades poderá impulsionar estilo de vida mais ativo para os brasileiros." ressaltam o médico José Eduardo Bittar e a arquiteta e urbanista Gabi Callejas, diretores da entidade Cidade Ativa, responsável por trazer o movimento Active Design ao Brasil.

Junto com o USP Cidades, eles esperam abordar esse desafio com otimismo e perspectiva de implantação, como considera Maria Teresa Diniz, Coordenadora Executiva do USP Cidades: "É impossível dissociar a saúde pública do planejamento urbano. Temos que aproveitar o momento em que a cidade é tema central da discussão e mostrar a relevância que um espaço público de qualidade pode ter na vida de todas as pessoas."

Para iniciar esta empreitada, USP Cidades e Cidade Ativa realizarão, como parte da Conferência Fit Cities São Paulo, um Safári de calçadas onde a metodologia do Active Design será testada. O objetivo é colher aspectos de diferentes tipologias de calçada para levantar que características podem transformar a maneira como o paulistano se relaciona com os passeios.

Fonte: A Critica/uol

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