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domingo, 8 de dezembro de 2013

Começando a pedalar

Qualquer pessoa pode se aventurar no ciclismo. Para isso não é preciso ter uma superbike: veja algumas dicas para não se intimidar com as brincadeiras dos colegas com relação à sua bike mais velha ou pesada, nem com as distâncias.



Uma tema bastante interessante aos bikers é a questão das primeiras pedaladas, principalmente as mais longas. Nos grupos de ciclistas espalhados por aí, volta e meia este tema está em discussão, pois sempre tem gente nova chegando: garotas e garotos curiosos, senhores querendo melhorar sua condição física, bikers recém-chegados nas cidades e outros de todo tipo. Para que esses novos ciclistas não se sintam intimidados, vale relembrar algumas dicas para você que já é experiente, e para você que está começando agora.

Para quem já pedala


Ajude o próximo: o estreante chega cheio de dúvidas e receios, muitas vezes não entende muita coisa sobre o equipamento, sobre os caminhos etc., portanto, os mais experientes devem auxiliá-lo. Lembre-se de que você também começou um dia, ou seja, nada de tentar se dar bem em cima de quem está começando.
Nunca deboche do equipamento alheio: esta é uma prática que já deveria ter sido abolida. Ninguém usa um equipamento de baixa qualidade por puro sadomasoquismo e nem todo mundo pode comprar aquela superbike de luxo, apesar de todos terem o direito de sonhar com uma. Lembro de que quando comecei, e isso não faz muito tempo, pedalo há apenas dois anos, eu usava uma bike super pesada, com 17,5 kg, com 21 marchas ruins e pneus velhos. Era um verdadeiro tanque de guerra atolado na lama, mas foi com ela que comecei, com ela que passei meus primeiros apertos, fiz meus primeiros ajustes e aprendi os primeiros macetes. Cheguei a ouvir algumas piadinhas, mas no geral eu recebia incentivos, muitos incentivos, do tipo: “caraca muleque, tu é corajoso de encarar a trilha com essa bike”, ou “tu tá pedalando bem hein? Quando comprar uma bike de verdade então…”. Enfim, incentive e oriente seus novos parceiros(as) a adquirir equipamentos que tragam mais qualidade e conforto às pedaladas, mas nunca os menospreze.

Para quem está começando

Não precisa comprar uma superbike logo de cara: bicicletas luxuosas, equipadas e ultraleves são sonhos de qualquer um, mas sonhos caros; se você está começando, peça dicas aos seus parceiros de pedal ou a um vendedor de confiança. Se puder, compre uma bike mediana. Talvez numa bike mais barata a gente sinta mais confiança para aprender a fazer ajustes e se preocupe menos com tombos, arranhões no quadro e possíveis peças quebradas.
Não minta: se você está começando, diga que está começando. Nunca, mas nunca mesmo, minta sobre isso. O grupo que está lhe recebendo certamente vai adequar a pedalada às necessidades de quem está começando. Geralmente, os grupos já têm marcados os dias e horários das pedaladas mais leves ou mais pesadas. O perigo de mentir sobre isso é passar um baita aperto num passeio inicial. Já vi gente que nunca mais quis subir numa bicicleta por causa disso. Cabe aqui até um “causo”: certa vez, eu e um colega de trabalho estávamos conversando sobre as últimas pedaladas quando um conhecido se aproximou e comentou que também pedalava e que gostaria de nos acompanhar. Prontamente combinamos com ele um rolê para o fim de semana seguinte, mas não nos esquecemos de perguntar sobre a experiência e condições físicas dele, e a criatura respondeu que estava a pleno vapor, pedalando cerca de 70 km, três vezes por semana. Ok, ótimo, então. Nunca poderei provar se o cara mentiu ou não, a questão é que na primeira subida mais forte o bichinho já estava empurrando a bicicleta e no fim das contas quase morreu, parecia mais Cristo carregando a cruz do que um ciclista sobre uma bicicleta; nunca mais apareceu.
Acredite: eu sei que quando aquele vizinho lhe contou que pedalou 150 km num só dia, você achou aquilo impossível, impensável, chegou a espalhar para a vizinhança que o cara era um baita “caôzeiro”, ou achou que o cara tinha superpoderes, mas acredite, em condições normais qualquer um pode pedalar. Vai sofrer um bocado no começo, vai doer tudo, as costas, a cabeça, o pescoço, as nádegas, vai chegar em casa morto, vai ouvir os parentes te chamando de maluco, vai pensar em desistir. Mas seja perseverante, daqui a poucos meses você estará todo orgulhoso no trabalho tirando uma de super-herói. Há um ano e meio atrás eu postei todo feliz no Facebook uma foto do meu velocímetro marcando 30 km de distância! Em pouco tempo 30 km virou treino.
Participe de um grupo: o grupo tem comprovadamente imensa importância psicológica. Com o grupo você vai aprender mais e mais rápido. Faça perguntas, preste atenção. E, além disso, a galera não vai te deixar em paz. Naquele dia que bater a preguiça ou que estiver aquele frio desgraçado, fique tranquilo, vão começar a chegar mensagens no seu celular: “e aí furão, tá com medinho do frio?”
Treine: se começou e gostou, vai virar vício. Treinar será um prazer. Regularidade é a chave para acabar com as dores, com as dúvidas e até com as crises existenciais; sim, elas existem. Quem é que nunca entrou numa paranoia debaixo de sol quente no meio daquela subida “monstra”? (“O que é que eu estou fazendo aqui? Eu podia estar no meu sofá!”). Quem pedala sabe a diferença que faz aqueles dois treininhos de meio de semana.
Enfim, suba na bike e vá pedalar. Mesmo que sua bike seja aquele “camelinho” velho e pesado, mesmo que ache que não vai dar conta, que não saiba ajustar a magrela sozinho. Mesmo que já tenha tentado algumas vezes e tenha batido a tal paranoia. Mesmo que já tenha passado aquele aperto. Um dia você vai ver a felicidade que é chegar em casa acabado de cansaço e imundo, mas com um baita sorriso, com aquela cara de “eu consegui”.

Fonte: Revista Bicicleta por Vitaly Costa e Silva

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