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sexta-feira, 28 de março de 2014

A saúde e a cidade

"Sedentarismo e isolamento social matam mais que tabagismo e hipertensão". Tema será debatido no Fit Cities SP, evento organizado por USP Cidades e Cidade Ativa


Seguindo tendências mundiais, a saúde da população das grandes cidades brasileiras é um reflexo do estilo de vida urbano. Muitas horas sentado, seja trabalhando ou no carro, pouca ou nenhuma atividade física, fadiga do dia-a-dia e noites mal dormidas. Quando os sintomas desta vida urbana aparecem surgem com eles muitas perguntas, como por exemplo: De onde vem tanto cansaço se estamos nos mexendo cada vez menos?

As grandes cidades, cada vez mais divididas, caóticas e poluídas são o cenário onde os habitantes estão vivendo de forma cada vez mais sedentária e isolada do seu meio social, resultando em mais mortalidade do que o tabagismo e a hipertensão, segundo pesquisa da Universidade da Califórnia e San Francisco Joint Medical Program publicada em Novembro de 2013 no American Journal of Public Health.

Os maus hábitos com a saúde são preocupantes, mas um elemento crucial deve ter mais atenção da sociedade em geral: o espaço público. Muitas vezes, a falta de entusiasmo com uma vida mais ativa, como caminhar mais em nossos deslocamentos diários ou optar pela bicicleta, são fruto de lugares pouco convidativos e mal desenhados. Fica cada vez mais evidente como o espaço público é mal concebido e subestimado, como se este não tivesse tamanha influência sobre os cidadãos, suas atitudes e escolhas.

“Nós moldamos a cidade e a cidade nos molda.”

A frase já replicada por muitos estudiosos, desde o geógrafo David Harvey ao arquiteto e urbanista Jan Gehl, explica essa relação direta entre o meio e a atitude dos cidadãos. O Fit Cities São Paulo, evento promovido pela entidade Cidade Ativa e o USP Cidades, terá o objetivo de discutir a forma da cidade e os estímulos que podem gerar escolhas mais saudáveis, que tornem as pessoas mais ativas e dispostas.

Se no século XIX e XX as doenças infecciosas foram combatidas por reformas urbanas que garantiam a instalação de infraestrutura de saneamento, maior ventilação e insolação de edifícios. As doenças de desequilíbrio energético e isolamento social do século XXI podem também ser prevenidas e controladas por um novo modelo de planejamento, de desenho urbano e arquitetura que sigam as estratégias discutidas pelo movimento Active Design, diretrizes por uma cidade mais ativa e saudável.

Novas políticas de uso do solo, de habitação, de mobilidade, de planejamento de espaços livres para recreação e prática de esportes e de acesso à alimentação saudável – entre outras – podem ajudar a transformar o ambiente urbano. Ao privilegiar o transporte individual, a proliferação de condomínios fechados e bairros murados, distantes dos centros de trabalho, comércio e serviços, ficaram em segundo plano a criação de parques, praças e áreas de recreação. “O Cidade Ativa acredita que esse cenário pode e deve ser revertido e que um novo modelo para as cidades poderá impulsionar estilo de vida mais ativo para os brasileiros.” ressaltam o médico José Eduardo Bittar e a arquiteta e urbanista Gabi Callejas, diretores da entidade Cidade Ativa, responsável por trazer o movimento Active Design ao Brasil.

Junto com o USP Cidades, eles esperam abordar esse desafio com otimismo e perspectiva de implantação, como considera Maria Teresa Diniz, Coordenadora Executiva do USP Cidades. “Hoje é impossível dissociar a saúde pública do planejamento urbano. Temos que aproveitar o momento em que a cidade é tema central da discussão e mostrar a relevância que um espaço público de qualidade pode ter na vida de todas as pessoas.”

Safari Urbano

Para iniciar esta empreitada, USP Cidades e Cidade Ativa realizarão, como parte da Conferência Fit Cities São Paulo, um Safari de calçadas onde a metodologia do Active Design será testada. O objetivo é colher aspectos de diferentes tipos de calçada para levantar que características podem transformar a maneira como o paulistano se relaciona com os passeios.

A atividade é fechada para alunos de arquitetura e medicina, que farão medições e registros tanto do espaço como climáticas e corporais. O objetivo é mostrar na prática os efeitos positivos e negativos de determinadas características das calçadas através da observação e do desenho. “Mesmo não sendo um arquiteto, ir a campo e exercitar essa percepção é fundamental para a transformação pretendida. O Safari será essencial para evidenciar como esta prática simples é capaz de indicar como estes espaços podem ser melhor construídos para as pessoas”, explica Aline Cannataro, Assessora do USP Cidades responsável pelo Safari Urbano.

Serviço

O Fit Cities São Paulo ocorre no dia 16 de abril, no auditório da Biblioteca Brasiliana, na Cidade Universitária da USP.

Inscrições e programação completa estarão em breve disponíveis no site do USP Cidades: www.cidades.usp.br.

Sobre o Cidade Ativa

O Cidade Ativa é uma iniciativa de longo prazo que promove o movimento Active Design nas cidades brasileiras, vislumbrando oportunidades de transformações no ambiente construído que possam incentivar um estilo de vida mais ativo para os seus cidadãos. É composto por uma equipe internacional e multidisciplinar com experiência nas áreas de saúde, arquitetura, desenho e planejamento urbano. Seus membros fizeram parte da história de criação do Active Design e já desenvolveram projetos para cidades ativas.

Sobre o USP Cidades

O USP Cidades é um centro de pesquisa, formação e difusão de soluções inovadoras para a gestão urbana no Brasil. Fórum permanente para interlocução de técnicos, gestores públicos e acadêmicos envolvidos com a temática urbana, a partir da pesquisa independente e de qualidade, busca incidir no debate público, transformando conhecimento em inovação na implementação de soluções urbanas, servindo como ponto de referência para a articulação entre a gestão pública, a pesquisa aplicada e o setor privado, para tratar dos principais desafios das cidades no país.

Fonte:  Mobilize

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