O dia a dia numa Ultramaratona de Mountain Bike como a Brasil Ride é intenso e emocionante. Nesta quinta-feira, 23 de outubro, cerca de 400 participantes (do total de 500 atletas) ainda continuam na disputa pelo titulo da prova após 5 dias de competição consecutivo em mais de 370 quilômetros percorridos.
Vale lembrar que até agora tivemos algumas etapas clássicas e icônicas, como o prólogo em Mucugê; a etapa mais longa e a temida trilha do Vietnã; a prova de cross country olímpico; os cenários épicos no 4º dia, até a quinta etapa, considerado o percurso mais divertido.
Neste quinto dia, os ciclistas pedalaram aproximadamente 95 km de distância e mais de 1880 metros de altimetria acumulada (subidas!), com destaque para o trecho de mais de 40km de descida pela região conhecida como Serra das Almas! Mesmo sendo uma etapa mais “tranquila”, após tanto desafio superado pelos ciclistas, o cansaço acumulado testa a habilidade dos ciclistas.
“O cansaço acumulado influencia no reflexo do ciclista. Por isso é importante dosar o esforço para não ultrapassar o limite e comprometer a capacidade técnica, principalmente em trechos técnicos como da Brasil Ride, e assim, evitar uma queda que pode arruinar sua prova”, explica Adriana Nascimento, que participou do “Papo Olímpico”, abordando a questão do “treinamento olímpico”, atividade extra que estreiou na agenda da rotina dos atletas, visando fomentar o desenvolvimento do esporte olímpico: mountain bike cross country. O treinador da OCE, Hugo Prado Neto também participou da palestra, destacando as ferramentas utilizadas nos treinos de performance, especificamente, o medidor de potência e como utilizá-lo desde um atleta amador até o alto rendimento.
Na competição, o momento mais difícil do dia encarado pelos atletas foi a Serra Verde, último trecho do percurso que liga as cidades de Livramento de Nossa Senhorá à Rio de Contas, uma linda subida de asfalto com aproximadamente 10km de distância.
O português Luís Leão Pinto que perdeu o parceiro na etapa anterior, largou sozinho e assim, colocou seu próprio ritmo, sendo o primeiro a cruzar a linha de chegada com uma margem de tempo impressionante, abrindo mais de 10 minutos das primeiras duplas.
“Numa Ultramaratona de MTB como a Brasil Ride é muito importante você gerir seu esforço. Já que é o quinto dia e você já está com quase 400km de trilha e não é uma trilha qualquer, você tem muita pedra, areia, o corpo fica todo batido...”, comenta Luís Leão, que pontuou também a necessidade de gerenciar o desgaste mental: “Quando você é profissional você precisa superar-se, sei que isso não é fácil, mas tem que estar preparado para sofrer até o final”, completa.
“A recuperação após cada prova é o ponto mais complicado para o atleta. Ainda mais como foi a segunda etapa que foi muito dura. No terceiro dia o cansaço ficou visível. Não tem como, acumula de um dia para o outro. Em 24 horas fazemos de tudo para recuperar: alimentação, hidratação, massagem, mas mesmo assim é difícil. O segredo é manter a constância, pois se você esforçar-se muito num dia, no próximo, vai refletir bastante isso”, explica Sherman Trezza, que terminou na quarta colocação geral e manteve a camisa de líder da categoria América.
A briga pelo título da etapa ficou na última subida. A equipe Trek Factory Racing, formada por Sérgio Mantecón e Ricardo Pscheidt, duelou com o time de Hans Becking e Jiri Novak (Superior-Brentjens Mountain Bike Racing). Um pouco atrás na perseguição vieram os líderes Tiago Ferreira e Periklis Ilias (Protek), seguido dos brasileiros Henrique Avancini e Sherman Trezza (Caloi Elite).
A decisão foi emocionante, com um belo sprint de chegada. Melhor para o time, Superior-Brentjens Mountain Bike Racing, que conquistou a 1ª vitória na competição.
“Nós atacamos desde o começo. Conseguimos abrir uma vantagem, mas tive um pneu furado. No singletrack nós atacamos novamente juntamente com os atletas da Trek. Nós queríamos ganhar hoje. Eles também queriam ganhar. Fizemos um grande duelo! Hoje foi bom e a tendência é melhorar a cada dia”, relata Hans Becking, da Holanda, que completou a etapa com o tempo de 4 horas, 14 minutos e 37 segundos. Mesmo chegando seis minutos atrás, a equipe Protek conseguiu sustentar a camisa amarela de líder.
“A gente sempre tenta um pouco de divertimento quando está numa corrida. Senão fica impossível de continuar porque o cansaço é grande. Tentamos encontrar partes da etapa para animar. Mas na etapa tinham muitas zonas que foi preciso empurrar a bicicleta na subida. Na descida, procuramos descer com segurança para evitar problemas. Felizmente conseguimos manter a camisa de líder. Vamos continuar na luta”, comenta Tiago Ferreira.
Já a dupla da Trek com o brasileiro Ricardo Pscheidt fez uma grande corrida, após uma etapa complicada no quarto dia. “Na verdade já tivemos dois dias complicados, na segunda etapa quando tive um tombo forte que nos tirou da briga na classificação geral. Ontem perdemos algum tempo ao errar o caminho. E hoje me senti muito mal logo no início. As pernas estavam pesadas, mas na parte técnica e nas descidas conseguimos ganhar posições e recuperar muitas colocações. Alcançamos os líderes, viemos revezando num ritmo bom. As pernas melhoraram mas no sprint, perdi a posição faltando 30 metros, mas faz parte. Estou feliz com o resultado”, comentou o catarinense tricampeão brasileiro de MTB XCO, que compete com uma bike Trek Top Fuel com amortecimento integral.
Na categoria feminina, Sonya Looney e Nina Baum (Notubes / Ergon) conquistaram a quinta vitória consecutiva. Mas a cada dia as adversárias também ficam mais fortes. Com destaque para as ciclistas da seleção brasileira, Isabella Lacerda e Érika Gramiscelli (CBC/Caixa) que conquistaram a excelente 2ª colocação, após ultrapassar na última serra o time da Specialized, formado por Rebecca Rusch e Ally Stacher.
Na dupla mista, a vitória ficou com os italianos Annabella Stropparo/Piero Pellegrini (TEAM HERSH AMICI DI ANNABELLA); seguidos pela equipe Niner / Shimano Ivonne Kraft e Mateus Ferraz, que manteve a camisa verde de líder da categoria, rumo ao quinto título para Ivonne e o quarto para Mateus.
Nas categorias Máster, Bart Brentjens e Abraão Azevedo (BRENTJENS MOUNTAINBIKE RACING TEAM) e Grand Master Heleno Caetano Borges/Paulo Felipe Vasconcelos (TEAM KONSK / CICLORACE), ambos mantêm a liderança.
Os campeões do Desafio Oakley Brasil Ride nesta 5ª etapa, estabelecido no Km 61, foram: Hans Becking / Jiri Novak; e no feminine, Sonya Looney e Nina Baum.
Amanhã, sexta-feira (24) será realizado outra etapa super longa na Brasil Ride 2014, com 143,5km de percurso e 3.252m de elevação acumulada, com largada em Rio de Contas, a partir das 6 horas da manhã, e chegada na cidade de Mucugê.
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quinta-feira, 23 de outubro de 2014
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