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domingo, 5 de outubro de 2014

Cadê minha magrela?

Foto: David Hughes
É uma sensação horrível e desoladora não encontrar a bicicleta onde foi deixada. A situação fica pior ainda, com um misto de raiva e impotência, quando a sua magrela é arrancada de você por um ladrão. De uma forma ou de outra, a pessoa fica indignada e por algum tempo tenta entender o que aconteceu, sentindo-se incapaz, frustrada por não conseguir aceitar o ocorrido.

A criminalidade em números

É necessário ter ciência que em todos os setores a criminalidade está crescendo - e muito. Somente na cidade de São Paulo, os roubos a veículos na cidade cresceram 17,8% no primeiro bimestre de 2012. Assalto a bancos ocorridos no país ao longo do primeiro semestre deste ano cresceu 25,2% em relação ao ano passado. Arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos no mesmo período tiveram um crescimento de 64,6%.
À medida que o mercado de usuários de bicicleta cresce e que estas estão cada vez mais sofisticas, as bikes passam a ser alvo constante dos ladrões. Segundo o Cadastro Nacional de Bicicletas Roubadas, os estados brasileiros com o maior número de casos de furto e roubo são São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Existem dois tipos de ladrão: aquele que rouba qualquer bicicleta e aquele que faz parte de quadrilhas especializadas em bicicletas caras. Ninguém desaparece com uma bicicleta de 30 mil reais. As bicicletas têm número de série e por conta disto muitas são vendidas para estados distantes de sua origem de compra e outras vendidas para o exterior em países vizinhos.
Os ladrões ainda tentam vender as bicicletas em lojas, mas o destino preferido são as feiras do rolo. A prática é ilegal, mas este tipo de comércio existe em vários lugares da cidade de São Paulo. Os mais conhecidos são a feira ao lado do terminal de São Mateus (zona leste) e as feiras na região do Brás.
O roubo de bicicletas é um problema mundial, não sendo somente “privilégio” dos brasileiros:
  • Em Amsterdã, na Holanda, circulam cerca de 700 mil bicicletas, das quais 100 mil são roubadas todo ano.
  • O homem considerado o maior ladrão de bicicletas do planeta foi preso em Toronto, no Canadá, em 2008. No depósito mantido por ele, a polícia encontrou 2.865 bicicletas.
  • Em 2007, Paris colocou em circulação 20.600 bicicletas do modelo Vélib, alugadas a um euro a hora. Em dois anos, 80% foram depredadas ou roubadas.
  • Na China, o maior produtor de bicicletas do mundo, o roubo delas é um dos crimes mais frequentes. Só em Pequim, acontece um furto por segundo.
  • Com cerca de 16.000 bicicletas roubadas todos os anos, Copenhague instalou um chip eletrônico em mais de 5.000 bicicletas. O objetivo do projeto é saber a localização da peça roubada para reavê-la.

Conhecendo a função dos serviços de segurança pública

A Secretaria de Segurança Pública não tem estatística sobre furtos e roubos de bicicletas. Devido ao aumento da criminalidade como sequestros e assassinatos, o roubo de bicicletas deixa de estar na lista de prioridade.
A Guarda Civil Municipal (cidades do interior) e Guarda Civil Metropolitana (grandes capitais do Brasil) tem atuação em lugares públicos como parques e campus universitários como a USP – Universidade de São Paulo, por exemplo, com a função principal de proteger os bens, serviços e instalações, por isto, no caso de furtos e roubos de bicicleta, a GCM encaminhará o cidadão para providências junto à Polícia Militar. Cabe à PM o policiamento comunitário, radiopatrulhamento e todas as demais ações a fim de prevenir o cometimento de ilícitos penais ou de infrações administrativas sujeitas ao controle da instituição.
A USP é um dos locais preferidos de treino dos ciclistas paulistanos e consequentemente dos ladrões também. Segundo a assessora de imprensa da instituição, Adriana Cruz, a guarda universitária é apenas uma guarda patrimonial e não dispõe de equipamentos para fazer a segurança dos usuários do campus, o que é feito pela própria PM. Adriana nos informou que a USP assinou um convênio com a Polícia Militar, em 2011, que tem como base as seguintes ações:
Curso de Prevenção e Proteção Universitária voltado aos guardas universitários. A proposta está sendo analisada pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão. Trata-se de um curso com 130 h/a, mesclado com módulos à distância e encontros presenciais com pesquisas voltadas à resolução de problemas práticos.
Estão sendo promovidos constantes contatos com a comunidade uspiana dentro de uma administração participativa, buscando conhecer os anseios, propostas e necessidades para que se possa transformar em procedimentos práticos de Prevenção e Proteção Universitária.
A presença da polícia nas áreas comuns do Campus, além de prevenir a ocorrência de delitos pela própria presença policial, ajuda-nos a reforçar a percepção de segurança. "Elaboramos um planejamento conjunto buscando a presença policial nos locais onde a possibilidade da ocorrência de delitos seja maior (como nos lados externos das portarias de pedestres no período noturno e área bancária), permanecendo os Agentes de Vigilância da Universidade nos locais que necessitam da presença para orientações e informações", afirmou Adriana.
O treinamento para os policiais militares foi desenvolvido pelo Comando da PM, no qual os policiais passaram por estágio de especialização em relação ao melhor conhecimento da comunidade uspiana, com a finalidade de se estreitar o relacionamento, assim como o conhecimento e forma de aplicação de ferramentas de Polícia Comunitária para execução durante o serviço de prevenção.
Os estudos para a criação do Fórum da Cidadania pela Cultura da Paz estão sendo feitos em conjunto com Núcleos de Pesquisa da Universidade.
Segundo a assessora, apesar do convênio ter sido assinado há um ano, nenhuma destas ações foram implantadas ainda.

É vantagem fazer seguro da bicicleta?

A princípio sim, é vantagem fazer o seguro da bicicleta. O número de bicicletas seguradas cresceu mais de 70% nos últimos anos. Mas saiba que a seguradora somente garante o seguro em caso de roubo e de furto qualificado em sua residência. O furto simples da bicicleta não é coberto. O furto simples é quando você deixa a sua bicicleta em algum local, sem proteção e quando você volta, ela simplesmente não está mais lá. Isto é um furto simples.
O furto qualificado é quando você deixa a bicicleta em algum local, por exemplo, amarrada com cadeado em um paraciclo, dentro do carro etc., e a mesma é furtada. O ladrão arrebentou o cadeado, abriu seu carro e levou a bicicleta. Este tipo de furto não é coberto pela seguradora. O furto qualificado somente será coberto quando a sua bicicleta for furtada de dentro de sua casa.
A seguradora somente garante cobertura no caso de roubo a mão armada ou não representando uma ameaça para o dono da bicicleta.
Como os ladrões encontram muita facilidade por conhecerem as falhas na segurança pública, estando ou não portando armas, atacam ciclistas a qualquer hora do dia. Por isto fazer o seguro de sua bicicleta se torna importante, mesmo não tendo cobertura para casos de furto.

Existe lugar seguro para pedalar?

De fato, não existe. Os ladrões atacam em todos os lugares, mas os preferidos são os lugares públicos. Na cidade de São Paulo o lugar de maior índice de roubo é a USP – Universidade de São Paulo, seguido pelo Parque Ibirapuera e Parque Villa Lobos. Outro lugar cuja frequência de roubos está aumentando é o trecho da Rodovia Imigrantes, depois do núcleo Itutinga Pilões do Parque Estadual da Serra do Mar.

O que fazer se a bicicleta for roubada?

Não existe muita coisa a fazer, são raros os casos de recuperação deste tipo de bem. A primeira coisa a fazer é o boletim de ocorrência. Se a bicicleta estiver segurada, faça o B.O. e comunique a seguradora.
Há dois serviços de cadastros de bicicletas roubadas. Estes serviços são realizados pela internet e gratuitos. Um deles é o Cadastro Nacional de Bicicleta Roubada que tem como objetivo ajudar na recuperação de bicicletas roubadas. Eles tentam evitar que consumidores e lojistas comprem material roubado e têm mapeado as áreas de risco para ciclistas e também a forma de agir dos ladrões. O funcionamento do CNBR é bastante simples. Quem teve sua bike roubada ou furtada entra no site e preenche o formulário eletrônico. Esse registro irá gerar um cartaz eletrônico para a vítima, que pode ser impresso para divulgação. Além disto, disparam um e-mail para 200 lojas no Brasil informando o roubo da bicicleta. Este serviço é pouco conhecido. Está disponível desde 2001, e em 11 anos de existência tem registrado somente um pouco mais de mil bicicletas no país inteiro.
O outro serviço, muito mais recente, é o do site Webbikers, que tem como objetivo divulgar de forma rápida e eficiente o furto de bicicletas em território nacional, informando o roubo através de sua fanpage no Facebook.

Deixar de pedalar jamais!

A solução é ficar atento e dificultar a ação dos ladrões. Conversamos com o senhor Ricardo Franco de Melo que é o inspetor da unidade da GCM que atua no parque Ibirapuera, e ele nos deu informações preciosas de como proteger a bicicleta e evitar o furto ou o roubo da mesma.
Inspetor Franco recomenda que os usuários dos parques, principalmente aqueles que têm uma frequência maior, que fiquem atentos a tudo, situações ou pessoas, que fugirem do padrão diário do parque. Em caso de suspeita, comuniquem-se imediatamente com um membro da GCM ou com a unidade. Havendo necessidade, a própria GCM contatará a PM solicitando atuação/presença imediata.
As dicas do inspetor Franco tem como principal objetivo dificultar a ação dos ladrões. São elas:
  • Fique muito atento em lugares públicos, pois são os preferidos pelos ladrões.
  • Cadeados e correntes podem dificultar o furto, porém não há garantia. Os ladrões usam alicates potentes e específicos para cortar cabos de aço de alto calibre. Dê preferência às travas maciças que dificilmente serão cortadas com estes tipo de alicate. As famosas “U-Lock” são as ideais. Use mais de um cadeado travando diversas partes da bicicleta.
  • Ao estacionar a sua bicicleta, deixe-a em um lugar o mais visível possível, como em frente à porta de uma loja, desta forma o ladrão terá a sensação de estar sendo visto.
  • Procure pedalar em grupo sempre que possível, principalmente à noite.
  • Retire o selim da sua bicicleta. Para tanto, use presilhas especiais que facilitam a retirada do mesmo.
  • Retire a roda da frente e leve-a consigo ou prenda-a junto à roda traseira.
  • Se sua bicicleta tiver V-breake, solte os freios.
  • Deixe a corrente nas marchas mais leves, desta forma o ladrão não conseguirá dar a arrancada necessária para escapar. O ideal é soltar a corrente, deixe-a fora da coroa.
  • Use o capacete para travar a bicicleta. Quando possível, parando perto de grades ou cercas, prenda o capacete do lado oposto da cerca de forma que ao tentar sair com a bicicleta o capacete servirá como trava.
  • Se a sua bicicleta for de marca conhecida e visada pelos ladrões, uma opção é tampar o nome da marca com fitas adesivas para chamar o menos possível a atenção dos mesmos.
  • Nunca dê as costas para a sua bicicleta. Quando estiver em grupo forme uma roda ou semicírculo e deixe a bicicleta no centro do grupo.
  • Nunca deixe sua bicicleta sem proteção. Mesmo que seja para comprar um sorvete, esteja com a sua bicicleta próximo a você e preferencialmente ao alcance de sua mão.
  • Os ladrões não respeitam crianças. Deixar o filhinho cuidando da sua bicicleta enquanto você vai tomar água ou vai ao banheiro certamente poderá resultar na bicicleta furtada além de colocar a criança em risco.
  • Ao comprar a bicicleta, monte um dossiê com cópia da nota fiscal e fotos. Lembre-se de tirar foto do número de série da bicicleta. Este número tem a mesma função do número do chassi de um carro. No caso da bicicleta, este número está gravado na parte inferior do quadro logo abaixo do movimento central. Estas informações serão úteis para fazer o seguro da bicicleta, para vender e comprovar origem e em caso de furto para registro e futura identificação da bicicleta.
  • Não faça parte da comercialização de bicicletas roubadas. Ao comprar uma bicicleta usada exija cópia da nota fiscal, comprovação da origem. Desconfie de preços muito baixos ao oferecido pelas lojas.
Como tenho a Escola de Bicicleta Ciclofemini, dou aula todos os dias em lugares públicos. Estou exposta diariamente transportando diversas bicicletas. Tive uma bicicleta furtada no parque Villa Lobos, uma bicicleta roubada no parque Ibirapuera e junto de duas alunas passamos por uma tentativa de roubo na USP. Com esta experiência me conscientizei que os ladrões são em maior número ao efetivo da polícia e seguranças. Assim como qualquer outro profissional que investe na carreira, que estuda, que investe no desenvolvimento de suas funções, os ladrões também estudam, se especializam e criam novas formas de roubo a cada dia. Eles estão a espreita esperando o mínimo sinal de distração. Saiba que em um lugar público você não está sozinho e ao mínimo vacilo o ladrão irá atacar, por isto, ficar atento e dificultar a ação do bandido pode te garantir um pouco mais de tranquilidade e menos transtornos.








Fonte: Revista Bicicleta por Claudia Franco
Imagens sequencial Claudia Franco

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