Há um novo mercado para a indústria de bicicletas no Brasil. As empresas do setor, novas e tradicionais, passam a enxergar na classe média um segmento que aumenta pressionado pelo trânsito cada vez mais caótico dos grandes centros. Este novo cliente está disposto a pagar por um produto de maior valor agregado, valores acima de R$ 1.000 por uma melhor qualidade e voltado para uso urbano, que prioriza a mobilidade. Apesar de não haver nenhum estímulo eficiente do poder público a este meio de transporte, a bicicleta está deixando de ser encarada apenas como lazer de final de semana.
O funcionário público Marcos Albuquerque, especialista em regulação da Agência Nacional de Saúde (ANS) é o exemplo do novo usuário de bicicleta. Há seis meses ele passou a incluir a "magrela" nas suas jornadas diárias ao trabalho. Ganhou da esposa um modelo importado dobrável - comprado na internet -, que pode ser guardado com facilidade ao lado de sua mesa do escritório ou no porta-malas do carro. O presente lhe deu alternativa, usa o carro ou vai pedalando, na sua rotina diária de ir ao trabalho.
"Demoro 20 minutos para chegar; de carro é meia hora. Moro perto da Jaqueira e trabalho na Praça Chora Menino (Paissandu). Perdia muito tempo no trânsito e, além disso, é muito mais legal vir de bike, é diferente e estimulante. Dá mais disposição e desenvolvo melhor o serviço", comenta Albuquerque.
A Caloi, líder na venda de bicicletas no Brasil, desenvolveu e passou a comercializar há poucas semanas um modelo parecido com o de Albuquerque, a Caloi Urbe, primeiro modelo dobrável da marca, que vem se somar ao portfólio urbano da empresa. Para se ter uma idéia, a Urbe tem o preço sugerido ao consumidor de R$ 1.500. Além de pequena, foi pensada no conforto, tem um peso de 11,9 quilos, além de bagageiro e sacola para transporte. Na prática, uma imitação do que vem sendo tendência na Europa. Para a marca brasileira, o fato é que bicicleta como alternativa de transporte está deixando de ser coisa de "liso".
"A Caloi investe em todos os mercados, mas vem apostando com mais força nos produtos de maior valor agregado. Não estamos falando em bicicletas para profissionais e sim para um nicho de mercado que exige produtos de qualidade, que proporcionam um pedalar confortável e seguro e um preço justo", diz a diretora de Marketing da Caloi, Juliana Grossi.
A empresa enxerga no aumento da renda da classe média, na mudança de postura do cliente e numa maior preocupação com ciclovias, um novo e promissor viés de mercado. "A percepção de que a bicicleta é uma alternativa de transporte está surgindo agora no Brasil. Nos países da Europa essa percepção é mais antiga. Eles já passaram por dificuldades que agora nós estamos enfrentando. Bicicleta como transporte é uma tendência que veio para ficar - é acessível, mais econômica, não polui e ainda ajuda a manter a saúde em dia", defende a executiva.
Como salientou Juliana Grossi, este mercado ainda é novo no Brasil. Na realidade, ainda não há uma mudança significativa de comportamento. Pessoas como Marcos Albuquerque ainda são exceção. A estimativa para este ano é a mesma do ano passado, quando foram vendidas 5,3 milhões de unidades. Desse total, 30% destinado ao público infantil. Em termos mundiais, o Brasil é o terceiro maior produtor de bicicletas, com 5% da produção mundial e o quinto maior comprador de bicicletas no mundo, ficando atrás de China, Estados Unidos, Japão e Índia.
Fonte:Site: http://jconline.ne10.uol.com.br
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