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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A relação entre pedal e distúrbios urogenitais

Pedalar faz bem à saúde. É um maravilhoso exercício aeróbico que pode ser praticado por qualquer pessoa, seja no campo ou na estrada, além de ser um meio de transporte prático e ecologicamente correto. Todavia, alguns cuidados devem ser tomados na hora de pedalar, principalmente no tocante à escolha do selim.
Isso porque, cada vez mais surgem estudos que comprovam que existe uma relação entre pedal e distúrbios urogenitais, com sintomas que variam consideravelmente, podendo ir de uma simples dormência a lesões crônicas irreversíveis que afetam a saúde sexual do ciclista.
Tudo isso porque, durante o pedal, o impacto do períneo sobre o selim causa uma compressão do nervo pudendo (lesão chamada de encarceramento do nervo pudendo) e uma diminuição do fluxo sanguíneo dessa área. Isso pode acarretar dormência, formigamento, incontinência urinária, além de questões ligadas ao fluxo sanguíneo que podem levar a impotência ou dificuldade de alcançar o orgasmo.
Várias pesquisas desenvolvidas nos Estados Unidos nas últimas décadas constatam que a posição do ciclista e o formato do selim são importantes na hora de pedalar.
Se o ciclista pedala de forma mais reclinada, sem provocar compressão no períneo, há redução de danos à área. Por outro lado, uma posição mais ereta agrava essa compressão, levando à diminuição do fluxo sanguíneo em até 70%, o que pode contribuir para os fatores acima citados.
Com relação ao selim, o modelo ergonômico mais largo e sem nariz oferece a maior proteção possível contra essa redução do fluxo de sangue no pênis, representando 20.3% em relação aos 82.4% de comprometimento desse fluxo no caso de se usar um selim estreito mais comum.
Outro estudo realizado em 2002 estabeleceu como o formato do selim da bicicleta afeta o fluxo de sangue no pênis, concluindo que os selins estreitos e sem enchimento provocam uma redução significativa desse fluxo.
Isso não quer dizer que todos que os homens que pedalam vão passar por esses sintomas. Muitas vezes, a maior reclamação ouvida é a de um mero desconforto ou dormência, geralmente decorrentes de longas horas de pedal.
Por outro lado, toda e qualquer disfunção erétil passa pelo estágio inicial da dormência. Portanto, se ela virar um problema rotineiro, um médico deve ser consultado para que seja feita uma avaliação precisa do caso.
Mulheres também são afetadas na parte urinária e sexual pela compressão que ocorre em decorrência do pedal. A frequência e a severidade dos sintomas estão relacionadas à duração da prática do ciclismo. Muitas mulheres reclamam da dificuldade de atingir o orgasmo, dificuldade para urinar, dormência ou dor crônica no períneo.
E o que pode ser feito para alterar esse quadro?
A melhor estratégia alia mudança da posição adotada para pedalar, bem como mudança do selim e de seu posicionamento. Com isso, diminui-se o esforço que sobrecarrega as estruturas neurovasculares, aliviando-se os sintomas já mencionados.
Atualmente, já existem mais opções de selins ergonômicos, desenhados para retirar o peso da área do períneo e distribuí-lo para as nádegas e ísquios (ossos de sentar).
É fundamental destacar que atletas ou ciclistas recreacionais não devem sacrificar seu conforto ou qualidade de vida em função de melhores resultados nos treinos.
Afinal de contas, o esporte e a tecnologia esportiva estão em constante evolução e há no mercado produtos inovadores que fazem parte desse desenvolvimento.
De qualquer forma, o mais importante é continuar pedalando, pois os benefícios que esse esporte traz para a saúde física e mental são extremamente relevantes.
Pedale com segurança!
Maria Augusta Castanho é ciclista e sócia da empresa Labici.
Matéria do ciclofemini.

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