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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A bicicleta rápida demais para as ruas

Francesco Russo é o homem mais rápido do mundo em uma bicicleta não motorizada. Há pouco tempo ele melhorou seu recorde para 91 km/h.


No dia a dia, as bicicletas reclinadas ainda são uma rara aparição nas ruas, mas muitos as consideram ideais para um transporte sustentável.

A bicicleta "Eiviestretto", na qual o ciclista Francesco Russo bateu o recorde mundial de velocidade na pista de corrida Lausitz-Oval (Alemanha), é quase um foguete sobre rodas. Depois da largada, o bernense de 33 anos conseguiu alcançar durante sua tentativa de 60 minutos velocidades de quase 100 quilômetros por hora. A força-motriz era simples: músculos.

O corpo aerodinâmico é totalmente adaptado ao piloto. É como se fosse uma segunda pele feita de carbono, tão próxima fica ela do seu corpo magro e bem treinado. Por isso Russo encurtou os pedais e até mesmo chegou a modificar seus sapatos de ciclismo.

O segredo está na posição: Russo fica deitado de costas com a cabeça para frente, o que lhe permite ver a pista apenas através de um espelho. Assim pode se considerar a "Eiviestretto" como uma interpretação extrema de um voo rasante, como se vê nesse tipo especial de bicicletas reclinadas.

O elaborado conceito surgiu de um estudo de aerodinâmica, fator fundamental para alcançar elevadas velocidades. Para elevá-las de forma linear é necessário aumentar ao quadrado a força aplicada aos pedais.

Quase 100 km/h
"O fato de termos batido um recorde já na primeira tentativa mostra que ainda há potencial", explica Russo. Ele considera possível um aumento de três quilômetros/hora. Assim seria batida a marca dos 95km/h e, portanto, pouco abaixo dos 100km/h.

A técnica interna e a aerodinâmica da bicicleta foram colocadas à prova por Russo, em todos os sentidos. A prova disso é que a "Eiviestretto" ainda rodou seis quilômetros adicionais, a partir do momento que a velocidade máxima foi alcançada, sem que Russo precisasse pisar nos pedais.

Ele vê também potencial no próprio condutor. "Posso me preparar de forma específica", declara. Sua carga anual de treino em bicicletas normais de corrida é distinta. "A metade de quilômetros percorridos pelos corredores profissionais". Estes chegam a fazer até mais de 40 mil quilômetros por ano.

Para Russo e sua equipe, a "Eiviestretto" é um laboratório rodante, cujo objetivo é alcançar os limites da velocidade em cima de duas rodas e elevar constantemente os recordes.

Tão rápida como um carro
Para o recordista mundial, o conceito da bicicleta reclinada como as que são utilizadas no cotidiano, ou seja, sem carcaça especial e uma posição deitada mais confortável, assim como equipamentos de alta tecnologia, tem potencial. "Na Alemanha ou na Holanda, onde existem muitos lugares planos, as bicicletas reclinadas podem chegar até aos 30km/h", explica Russo.

"De fato, nesses países as bicicletas ou os triciclos reclinados são comuns nas ruas. Porém na Suíça elas são utilizadas por uma minoria", afirma Pete Mijnssen, redator-chefe do Jornal do Ciclista e também proprietário de uma bicicleta reclinada. A publicação é o órgão oficial da Associação Pró-Bicicleta, cujo objetivo é lutar politicamente por mais espaço e segurança para o transporte em bicicletas.

"Dirigi-las é, no início, uma questão de se acostumar. Mas quando isso ocorre, as bicicletas reclinadas demonstram ser bem rápidas", explica o sentimento.

Em um trânsito misto, como é comum na maioria das cidades suíças, o espaço nas ruas precisa ser compartilhado, especialmente com o bem desenvolvido sistema de transporte público. "Por isso a bicicleta inclinada acaba se tornando um obstáculo no trânsito", analisa Mijnssen. Outra razão de impedimento é a posição do condutor da bicicleta reclinada: ele acaba ficando quase na altura dos canos de escapamento dos veículos e respira os gases expelidos.

Francesco Russo indica outro problema para as bicicletas reclinadas: "Devido ao seu peso mais elevado, mais de vinte quilos, a aceleração com elas é muito mais cansativa. E também frear é mais complicado, sobretudo devido à maior velocidade."

Vantagens relativas
"O peso adicional traz a desvantagem de velocidade para as bicicletas reclinadas quando o condutor está subindo uma inclinação, como nas montanhas", esclarece o especialista Manfred Nüscheler. Esse é um argumento de "peso" para um país montanhoso como a Suíça.

Nüscheler também não considera que o impulso sobre uma bicicleta reclinável seja melhor do que nas bicicletas comuns. Medições comparativas da revista alemã especializada Tour (ciclismo esportivo) mostraram que isso não está provado. Detentor de diversos recordes no esporte, Nüscheler se tornou autodidata e especialista na área de transmissão ideal de força na bicicleta.

Ele também cita alguns riscos de segurança para a bicicleta reclinável. "No caso de ventos fortes e tempo ruim não é possível utilizá-la", diz, acrescentando outro ponto negativo. "Essas bicicletas são difíceis de ver no trânsito. Já houve até acidentes graves."

Motor elétrico
O motor elétrico para bicicletas provocou um grande "boom" no setor. "Elas deram um grande incentivo", constata Mijnssen, para quem esse tipo de auxílio com ajuda da tomada traz cada vez mais pessoas - aposentados, turistas ou trabalhadores - traz novas possibilidades para a mobilidade familiar e incentiva o renascimento de tipos desaparecidos de bicicletas como as de transporte.

"O motor elétrico ajuda na subida de um morro, enquanto que no plano o condutor pode desligá-lo", lembra Francesco Rossi. Já para ele as bicicletas reclináveis que funcionam só com o músculo podem alcançar velocidades entre 70 e 80 quilômetros por hora podem ter problemas na hora do licenciamento.

"Já graças aos motores elétricos, as bicicletas reclináveis poderiam se tornar interessantes na Suíça", considera Mijnssen. Ele vê potencial em modelos de moda como o "Klimax", de um fabricante alemão. “O triciclo não apenas é de multiuso, graças a sua capa protetora desmontável, mas também possui uma aparência de ficção científica.”

Ele gostaria de ver o corredor Francesco Russo dirigindo um desses veículos, mesmo se o recordista não tiver nenhuma chance de superar as suas marcas.

Por Renat Kuenzi, swissinfo.ch

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