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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A diferença entre XCM e XCO

Há duas modalidades no Mountain Bike (MTB), totalmente baseadas no MTB original, cujas siglas (XCO e XCM) ainda fazem confusão na cabeça de muita gente. Neste artigo, vamos explicar as diferenças entre os dois e dar dicas de como curtir ao máximo a modalidade da sua escolha.
 
"E fez-se a luz..."

Desde sua “invenção”, há pelo menos 30 anos, o MTB já passou por inúmeras evoluções, tanto nos aspectos práticos quanto técnicos. Praticamente tudo mudou desde aqueles dias nas montanhas de Marin County , Califórnia, onde doidos como Joe Breeze, Otis Guy, Gary Fisher, e Tom Ritchey desciam as trilhas locais feito loucos, pilotando antigas bikes Schwinn Excelsior parcamente modificadas – as famosas “Klunkers”. De lá pra cá, o esporte se dividiu em várias categorias, tornou-se olímpico e revolucionou o mundo da bicicleta, arregimentando uma multidão de fanáticos apaixonados pelo mundo todo.
 
Antigamente, havia apenas o Cross Country (XC). Consistia na mais pura e simples expressão do uso de uma bike de MTB: pedalar por aí, cruzando rios, montanhas e trilhas, transpassando por obstáculos impostos pela Natureza. Nas competições, o XC era como hoje, realizado em voltas dentro de um circuito fechado. No Brasil, no início dos ‘ 90, haviam algumas raras competições que ligavam dois pontos distintos, que ficaram conhecidas como “Trip Trail” na época. Eram os precursores tupiniquins das nossas maratonas atuais.
 
A UCI - União Ciclística Internacional – reconheceu o MTB oficialmente em 1990, quando rolou o primeiro campeonato mundial, na Califórnia, tendo a lenda viva Ned Overend (EUA) como campeão. Após as Olimpíadas de Atlanta, em 96, quando o MTB se tornou definitivamente parte dos Jogos, apareceu o termo “XCO”, ou Cross Country Olímpico, batizando oficialmente as competições em circuitos fechados, com extensão a partir de 4km. Pouco tempo depois, começaram a surgir, em escala internacional, vários eventos onde não havia mais circuito fechado, e sim, uma longa distância a ser percorrida entre dois pontos, normalmente acima de 60km. Esta modalidade ganhou o nome “XCM”, ou Cross Country Maratona. Na verdade, as maratonas já existiam há bastante tempo no mundo todo (como as nossas "Trip Trails", por exemplo...) , mas ainda não eram tão populares. E, de qualquer forma, ainda se chamavam “XC”. A partir do primeiro campeonato mundial de XCM, na Suíça, em 2003, a modalidade estava oficialmente sancionada pela UCI –, e passou a ser reconhecida como disciplina independente no MTB. O primeiro campeão da modalidade foi o fenômeno suíco Thomas Frischknecht.
 
Distâncias
Hoje, as distâncias médias para provas de XCO ficam entre 20 e 30km, a serem percorridos em circuitos de pelo menos 4km. As Maratonas possuem de 50 a 120km. Muitas provas possuem distâncias menores, mas há rígidas especificações impostas pela UCI para provas oficiais. Há também as ultra-maratonas, como as famosíssimas Cape Epic, na África do Sul, a Trans Alp Challenge, que cruza vários países na Europa e a La Ruta de los Conquistadores, na Costa Rica. Estas duram vários dias, e exigem o máximo do competidor e seu staff.
 
Técnicas diferenciadas
Ambas as modalidades exigem técnicas e abordagens diferentes do piloto.
 
No XCO, o simples fato de saber que irá passar pelos mesmos pontos várias vezes faz com que o biker precise analisar cada circunstância volta a volta, estabalecendo os melhores (e piores) pontos para ultrapassagens e a melhor maneira de encarar subidas e descidas. Há também o congestionamento da pista, provocado por ciclistas mais lentos, que acabam atuando como dificuldade adicional. O cansaço físico e mental aparece por conta das repetidas passagens por trechos difíceis, exigindo do biker uma grande determiniação para completar as voltas do circuito.
 
No XCM, a dificuldade está na distância a ser percorrida. Não há mais o típico stress do XCO, provocado por repetidas exposições às mesmas situações de dificuldade. Em contrapartida, o desconhecimento do terreno e as longas distâncias atuam como fatores que comprometem o rendimento do biker. É necessária uma boa resistência física, aliada ao grande controle mental para percorrer várias dezenas de kilômetros em ritmo forte, às vezes absolutamente sozinho. Além disso, o ciclista precisa ser auto-suficiente, pois em muitas ocasiões estará bem distante de socorro. Isso exige um bom conhecimento de mecânica, além de provisões de água ou isotônicos e alimentos como barras energéticas. Em trajetos realmente longos (acima de 100km), pode ser recomendável o conhecimento de leitura de mapas ou GPS.
 
Equipamentos
O XCO exige apenas os itens básicos do MTB: Uma bike leve e confiável e os equipamentos de segurança normais (luvas, óculos e capacete). Em competições de XCO sempre há uma “área de apoio” definida pela organização, onde o competidor pode receber auxílios de nutrição (água e alimentos) ou mecânicos. Assim, ele não precisa levar nada consigo no decorrer da prova.
 
Já o XCM exige que o atleta leve seu próprio suporte técnico, pois muitas vezes estará isolado e distante de qualquer possibilidade de auxílio. Assim, se faz necessário o transporte de caramanholas de água ou bolsas de hidratação, além de provisões rápidas, ferramentas e câmaras de ar de reserva.
 
Um kit básico de ferramentas para longas distâncias deve conter:
 
- 1 ou 2 câmaras de ar de reserva ou kit de remendos
- Bomba de ar pequena ou cilindro de CO2
- Chave de corrente
- Chave de raio
- 2 ou 3 raios de reserva (podem ser fixados no tubo do canote com fita adesiva)
- Kit de chaves Allen
- Pequeno frasco plástico com óleo de corrente (frascos de colírio ou de novalgina são ótimos)
As bikes

As bikes para XCO são muito leves e normalmente possuem apenas suspensão dianteira. O quadro, rodas e demais peças são leves, porém resistentes e confiáveis dentro de certos parâmetros. Os pneus e suas pressões de ar variam de acordo com o terreno do circuito, embora muitas vezes haja uma mistura de situações bem diferentes, exigindo o uso de pneus polivalentes.
 
As bikes para XCM devem ser mais robustas, embora também bastante leves. O uso de suspensão traseira pode trazer resultados ao diminuir os impactos do terreno sobre o corpo do ciclista, e isso em uma grande distância pode fazer a diferença. Em subidas longas, a suspensão traseira também pode auxiliar ao aumentar a tração, desde que devidamente regulada para o peso do piloto e o tipo de terreno. As peças devem ser mais fortes, para evitar riscos de quebra no trajeto. Os pneus devem permitir uma rodagem mais solta, e como a maioria das provas de XCM é feita em estradões (pelo menos no Brasil), o uso de pneus com cravos mais baixos é recomendável, assim como pressões de ar maiores. Com baixa pressão, os pneus tendem a agarrar mais ao solo, fazendo com que o atleta se desgaste mais, principalmente em solo pesado (úmido).
 
Boas regras do XCM

Muitas vezes, longos trajetos de XCM passam por dentro de propriedades privadas, ou atravessam lugarejos e rodovias. É sempre bom seguir algumas recomendações, para evitar problemas ou que moradores locais nos vejam com antipatia:
 
- Sempre peça permissão antes de entrar em propriedades privadas.
 
- Sempre mantenha as porteiras fechadas.
 
- Não beba água de rios e riachos, pois pode haver contaminação não visível, principalmente em áreas agrícolas. Se precisar de água em ambientes remotos, procure nascentes menos expostas.
 
- Cumprimente os moradores locais. Um simples “Olá” pode fazer milagres.
 
- Evite fazer longos percursos sozinho. Se estiver em uma competição, você está, de certa forma, protegido pela estrutura de apoio da organização, mas em pedais normais, você está completamente indefeso.
 
- Evite exigir demais da sua condição física.
 
- Cuidado ao atravessar ou percorrer rodovias em trajetos longos. Seu corpo estará cansado, e suas percepções sensoriais não estarão funcionando na totalidade. Fique atento ao trânsito de veículos, e mantenha-se sempre na mão do fluxo.
 
- Mantenha a manutenção da sua sua bike sempre impecável. Não espere uma peça apresentar sinais acentuados de desgaste, principalmente pneus, corrente, coroas, cassete, rolamentos e cabos de freios ou marchas.
 
- Não perturbe o ambiente: Seja cortês com os habitentes locais, não destrue recursos de irrigação (mangueiras, cursos d´água, etc) e não perturbe a vida animal ou vegetal.
 
Fonte: Elite Biker´s

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