Bicicletas: fabricantes querem desenvolver mais modelos de alto valor

As importações de bicicletas cresceram 500% nos últimos cinco anos no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), subindo de 48,7 mil a 255 mil entre 2005 a 2010. De acordo com a entidade, apenas 1% desse mercado é constituído por bicicletas de competição ou de alto valor de mercado, cujos preços variam entre R$ 15 mil e R$ 25 mil. Uma das diretrizes dos fabricantes para melhorar esse cenário desfavorável para os brasileiros, é fortalecer o desenvolvimento de uma cadeia de produção voltada para o alto valor agregado.

De acordo com o diretor executivo da Abraciclo, Moacyr Alberto Paes, a participação das bicicletas de alto rendimento ou de alto valor agregado pode ser ainda maior já que muitas são customizadas com peças importadas no Brasil.

"O que temos, infelizmente, é um grande mercado informal de componentes importados que dificulta a mensuração da quantidade de bicicletas montadas no País. Muitas peças são importadas e montadas aqui no neste mercado informal - uma espécie de bicicleta customizada - e não temos o controle de quantas são vendidas nesse segmento de mercado", explica.

O aumento das importações se deve a inevitável chegada das bicicletas produzidas no sudeste asiático que se intensificou nos últimos dois anos, afirma a diretora executiva da Associação Brasileira dos Fabricantes, Distribuidores e Exportadores e Importadores de Bicicletas, Peças e Acessórios (Abradib), Ana Lia de Castro.

"Com o dólar muito baixo, o preço das bicicletas no mercado asiático baixou muito. Em função também de uma desova dos chineses de um volume grande de montagem de bicicletas, e, hoje, a China, com o crescimento e enriquecimento da população, começa a andar mais de carro e motos. Então, toda essa produção está sendo desviada para outros países. Eles começaram a vender bastante na Europa e Estados Unidos, e hoje estão no Brasil, mas seria inevitável a entrada deles no País", afirma.

A entrada dos importados tem afetado o mercado brasileiro cuja produção está estacionada na casa dos 5 milhões desde 2001. A alta do dólar tem prejudicado ainda mais as exportações nos últimos anos. Projeções da Abraciclo apontam que, em 2011, as variações cambiais devem ampliar a queda nas importações em 13%. De 2007 a 2010, a venda para o exterior caiu 85% (de 19.680 a 2.880 unidades por ano).

Bicicletas de luxo
Não se sabe ao certo qual a fatia que as bicicletas de luxo ou de alto rendimento ocupam no mercado brasileiro, só se sabe que a grande maioria dos modelos produzidos pro grandes marcas são fabricados fora do Brasil. Esses modelos têm entre suas características a customização, o estilo e o uso de novas tecnologias e acabamento refinado na confecção dessas bicicletas de luxo.

A Specialized é uma empresa que desenvolve diversos tipos de bicicletas, inclusive as de alto rendimento usadas por vencedores de competições mundiais de Montain Bike, Volta da França, Itália e diversas outras provas clássicas do ciclismo. Recentemente a empresa fechou parceria com a Mclaren para o desenvolvimento de produtos em carbono. O valor de alguns modelos pode chegar a R$ 25 mil no Brasil.

A Italiana Cicli Montanti é outra empresa voltada para o mercado segmentado de bicicletas de luxo. Eles oferecem uma combinação de design, conforto e customização com itens como bancos e revestimentos de couro, adornos com cristais Swarovski, placas de prata com o nome do proprietário gravado e etc.

Cada uma das bicicletas é fabricada a mão em um processo que leva entre 40 e 60 dias, afirma a empresa. Segundo a Cicli Montante, as vendas são feitas diretamente ao consumidor e brasileiros estão entre os interessados em adquirir as bicicletas. No entanto, a empresa apenas que o preço das bicicletas começa em 1 mil euros (R$ 2,3 mil).

A Audi, fabricante de veículos de luxo, também entrou no mercado das bicicletas de alto valor agregado com modelos fabricados com quadro de madeira para fins de transporte, corrida ou distâncias mais longas, cujos preços US$ 6,5 mil (R$ 10,4 mil) e US$ 7,3 mil (R$ 11,8 mil).

Portal Terra